Assembleia Extraordinária (Apresentação dos Trabalhos de Grupo)
Dep.Carlos Coelho
Para que ninguém se sinta nem inibido nem coagido com a
presença da comunicação social. Nós já recebemos os textos escritos, eles já
estão disponíveis na intranet da UV para quem os quiser ver. E vamos assistir à
apresentação dos trabalhos de grupo.
Como é que isto se vai processar? Vai-se processar da
seguinte forma: eu vou chamar os grupos, um de cada vez, para virem fazer a
apresentação. A apresentação será feita dali, do púlpito. E os membros que vêm
trazem as duas peças de puzzle. Alguém da organização – que eu ainda não sei
quem é, mas vão-me dizer quem – irá colocar no puzzle a primeira peça que tem a
ver com os problemas – "porquê”. E começa a fazer no chão o puzzle das
soluções, porque nós só temos um suporte e portanto vamos primeiro afixar o
"porquê” e só depois afixaremos as soluções.
Depois da apresentação, para a qual têm 5 minutos, haverá
um ataque, eu darei a palavra à pessoa para atacar. O ataque é feito daí, de
pé, usando os microfones da sala. Depois darei a palavra para a defesa, para
fazerem a defesa. A defesa podem fazer do vosso lugar – aí – ou podem vir ao
púlpito. Se quiserem vir ao púlpito estejam já cá antes que é para não haver
hiatos entre o ataque a oposição. Se não estiverem no púlpito falam daí.
Alguma dúvida relativamente ao procedimento, ou ele é claro?
Se houver alguma dúvida é melhor perguntar já. Não é o caso…
Sim, diga. Carregue no microfone se não se importar, eu
não oiço bem…
Aluna
Eu queria saber se é imperativo que a apresentação seja
feita no púlpito.
Carlos Coelho
É, é…
Aluna
Há banquinhos?
[APLAUSOS]
Carlos Coelho
Boa pergunta, perfeitamente legítimo. Eu e o Dr. Marques
Mendes percebemos o que é isso. Pedro, consegue arranjar-se uma coisinha para
os participantes mais baixos poderem ser vistos por cima do púlpito?
O Paulo Colaço trata. Ele também é uma das vítimas.
Não há mais dúvidas. Só um último aviso. Eu vou ser
implacável com os tempos. Trinta segundos antes do fim do tempo eu aviso "está
a terminar”, significa que têm 30 segundos para terminar. Ao chegar o tempo eu
corto a palavra. OK?
Quem está no púlpito tem um contador à frente, em baixo,
e quem está a falar daí tem um contador à vossa frente para verem os minutos.
Vamos começar com o Grupo Roxo, dou a palavra ao Sérgio
Laranjeira e ao Ricardo Moreira de Carvalho. Quem é que da organização recebe
os puzzles?
[APLAUSOS]
Agora sim vamos iniciar a apresentação do Grupo Roxo,
Sérgio Laranjeira e Ricardo Moreira de Carvalho.
Ricardo Moreira de Carvalho
Boa tarde a todos. A ausência dos jovens na política é um
problema que nos preocupa a todos. Por isso, nesta apresentação – se o
PowerPoint me ajudar –, nesta apresentação irei falar-vos, ou iremos falar-vos
das causas e das propostas de solução, quer para combater o afastamento dos
jovens da política quer para melhorar a nossa campanha nas próximas
legislativas.
Eu falarei das causas e o meu colega Sérgio falará dos
problemas do ponto 2 e ponto 3.
Como sabem, a Presidência da Republica encomendou dois
estudos, um em 2008 e outro em 2015, sobre os jovens e a política. Esse estudo
chegou a várias conclusões e nós gostaríamos de destacar três dessas
conclusões.
A primeira é que os jovens se encontram menos expostos à
informação política transmitida pelos meios convencionais, nomeadamente os
jornais, a televisão e a rádio. Por exemplo, em 2007 cerca de 80% dos jovens
via notícias sobre política na televisão; hoje em dia esse número baixou para
60%, uma queda substancial.
Depois, o próprio desemprego jovem, que é muito elevado
no nosso país, na prática transmite aos jovens uma ideia de que as políticas
que têm sido feitas não são adequadas às suas necessidades. E aqui, por
exemplo, em Portugal temos um emprego jovem que ronda os 30% contra os 7% que a
Alemanha tem. É uma discrepância também muito elevada.
E, por fim, uma questão de descredibilização. Os jovens
olham para os políticos de uma forma descredibilizada. Muitas vezes sentem que
eles não dão o exemplo. E isso não ajuda, naturalmente, a aumentar a atenção à
política.
Para resolver isto temos três soluções que o Sérgio
passará a apresentar. Sérgio…
Sérgio Laranjeira
Boa tarde. Como primeira medida, nós vamos introduzir no
plano atual das escolas, iniciativas que fomentem a aproximação dos alunos com
o Poder Local, nomeadamente um encontro com elementos do poder autárquico, bem
como a introdução de uma disciplina obrigatória de formação cívica e política.
Esta disciplina vai ter o nome de Ciência Política e vai explicar aos jovens
como é que se estrutura o nosso país a nível político, como é o sistema
político português. Isto fará com que os jovens tenham mais aptidão para a
política, bem como tenham mais interesse porque vão ter mais conhecimento sobre
o mesmo.
A segunda medida é o orçamento participativo jovem a
nível nacional. Esta medida já existe a nível municipal. No entanto, como tem
sucesso, ou bastante sucesso, como é o caso de Lousada, Lousã, Oliveira do
Hospital, Condeixa, Santo Tirso, pretendemos alargar isto a nível nacional.
Terceira medida será um forte incremento de políticas de
combate ao desemprego jovem, onde nós incentivamos as empresas a contratar
jovens à procura de primeiro emprego ou jovens desempregados. Pretendemos também
incentivar o empreendedorismo jovem, porque nós queremos que os jovens criem
empresas.
Relativamente às propostas para a campanha, nós propomos
a criação de um canal on-line em direto para responder a perguntas. Isto é
muito simples. Isto é a criação de um canal onde não existe barreiras entre o
público jovem, ou o público, e o político. O público faz perguntas, o político
lê as questões, ou as perguntas, e responde diretamente, não há intermediários.
Isto será feito nas plataformas mais usadas e com ligações a redes on-line.
A segunda proposta é a realização de vídeos com um máximo
de 2 minutos, mínimo de 1 minuto, onde pessoas com elevada notoriedade serão a
voz das nossas propostas. Simplificam as nossas propostas para ter maior
atenção e cativar mais pessoas.
A terceira proposta é ser secretário do líder do partido
por um dia. Esta proposta é o seguinte: um jovem é sorteado e escolhido para
acompanhar uma campanha eleitoral por dentro. Ou seja, acompanhará a campanha
eleitoral ao lado dos nossos líderes. Ele vai saber como é uma campanha
eleitoral por dentro, vai sentir a experiência na pele e não vai ser como o
povo comum que é só atirar farpas.
E sabendo que esta missão é difícil, gostaríamos de
reafirmar, como disse um companheiro nosso, um estimado companheiro nosso,
"fazer política nos dias de hoje constitui um ato de coragem”.
Muito obrigado.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado. Dou agora a palavra, para atacar, ao
Gonçalo Bento, do Grupo Bege.
Gonçalo Bento
Boa tarde. Para começar, parabenizar-vos pelo vosso
trabalho e vou aqui fazer algumas notas relativamente ao que acabaram aqui de
apresentar. A primeira está relacionada com a questão de menos expostos à
informação. Muitos dos oradores que aqui estiveram nesta Universidade de Verão
dizem que nós estamos excessivamente expostos a essa informação. A dificuldade
está depois em que essas pessoas consigam filtrar, o que falou ontem o Dr.
Durão Barroso, e o conhecimento.
Depois falam numa das medidas, a introdução de uma disciplina
obrigatória que referem como "Ciência Política”. Ora, segundo sabem, há
sensivelmente três anos suprimiram uma disciplina que era a "Formação Cívica”.
Uma disciplina que direcionava, supostamente – por isso é que foi retirada -, a
incentivar os jovens a participar ativamente na sociedade. E neste âmbito
entraria então o voto e a parte da política. E agora querem voltar a colocar
uma parte específica da formação cívica. Apenas uma parte; também há outros
pontos.
Por fim, último, falam dos vídeos com figuras públicas.
Concordo. Mas não tanto para defender as cores políticas de cada partido mas
sim para tentar combater o principal problema que é a abstenção.
[Carlos Coelho: 30 segundos]
Imaginem o que era terem o Cristiano Ronaldo que,
acredito, possivelmente deve ter votado pouco, a fazer um vídeo a apelar ao
voto. A dizer que ele ia votar no dia 4 de outubro. Se calhar mudaria ali
algumas contas. Obrigado.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Dou a palavra para responder ao Aldo Maia.
Aldo Maia
Ora muito boa tarde. Caro companheiro, eu antes de mais
tenho que lhe agradecer a validação que fez de toda a nossa apresentação. De
facto, os elogios são bem aceites e dá-nos motivação para continuarmos com o
nosso trabalho.
Agora, parece-me que também fez aqui algumas confusões,
porque o próprio vídeo com as figuras públicas refere-se a um vídeo de campanha
para as próxima legislativas, no partido que representamos. Portanto, não será
bem um apelo ao voto. De qualquer das formas, eu percebo que valida a ideia,
com a ideia do Cristiano Ronaldo, se ele aceitar nós ficamos agradecidos
também. Mas não vamos confundir aqui as coisas, o vídeo é especificamente para
a campanha legislativa que aí vem.
Mais. Atacou-nos aqui de uma forma que eu também fiquei
algo baralhado, mas não sei se me consegue esclarecer, mas disse-nos que os
oradores que aqui vieram disseram que os jovens estão expostos a todo o tipo de
informação, não a sabem é filtrar. Esta exposição à informação, em primeiro
lugar, é aos meios convencionais e quem o diz é o estudo, não somos nós. Nós
pegamos no estudo que foi encomendado pela Presidência da República e o
resultado é este. Nós estamos a apresentar medidas que colmatem precisamente
aquilo que o estudo nos diz. Parece-me que houve alguma confusão da vossa parte
ao ler as nossas propostas e resta-nos agradecer e vamos continuar o nosso
trabalho.
Muito obrigado.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado. Terminamos portanto a apresentação do
Grupo Roxo. Vamos agora para a apresentação do Grupo Verde. Podem trazer as
vossas peças de puzzle.
Dou a palavra à Céu Brandão. Dispõe de 5 minutos.
Céu Brandão
Boa tarde. Tendo em conta o estudo que nos foi dado para
analisar referente ao ano de 2008 e 2015, que fala do afastamento da juventude
da participação politica, nós temos a dizer que os jovens estão alheados da
participação, porquê?
Pensamos que isto se reflete a nível geral, todos os
cidadãos têm esta ideia na atualidade. A principal razão que apontamos é a
inexistência de juventudes representativas. Ou seja, a falta de proximidade das
associações, quer sejam associações académicas, quer sejam associações de
voluntariado, escuteiros, e mesmo das juventudes partidárias, porque se não
vierem ter connosco e se nós não tivermos um interesse, nós também não vamos à
procura delas.
Atualmente, uma outra razão que nós apontamos foi que o
sistema educativo é muito deficitário na construção de uma formação cívica dos
jovens. Não lhes dá uma obrigação de pensamento crítico nem lhes proporciona que
tenham uma consciência de valores e virtudes.
Existem ainda lacunas graves e ambivalentes na formação
dos jovens através da educação para a saúde.
Ou seja, as mudanças têm que ser muito complexas e
competitivas. A nossa sociedade assim o exige. O conceito de cidadania está
completamente inerente na participação ou então na filiação numa comunidade que
nos envolva. Um cidadão é um igual cuja autonomia deve ser reconhecida e deve
ser respeitada.
Ora, o que acontece com os jovens da nossa atualidade?
Nem a sociedade os vê como iguais nem os próprios se pretendem afirmar como
iguais, embora travem aguerridas lutas de reconhecimento.
As medidas que tentamos implementar foram então: ações no
âmbito da educação para a saúde e cidadania no contexto escolar, apesar de bem
sabermos que é muito difícil entrar no contexto escolar. Iriamos ter que
arranjar outras alternativas que não sejam dentro da escola mas envolvam a
escola no ambiente exterior da escola.
Um envolvimento da comunidade em movimentos associativos
ligados aos jovens, com enfoque nos apoios às organizações civis.
E a mobilização dos jovens para a autorrealização de
ações políticas. Saberem fazer, serem eles a fazer, para se sentirem motivados
e trazerem outros jovens.
Envolver os jovens na sociedade tomando consciência do
seu papel. Cada pessoa é um ser único e tem um papel perante a sociedade e
deve, dessa forma, orientar-se e participar tendo em conta os seus ideais e os
seus objetivos.
Intervir ao nível do apoio à educação, à sustentabilidade
ambiental ao emprego jovem e prevenção de comportamentos de risco.
Passando então para as ideias para a campanha eleitoral,
as nossas sugestões são:
Uma caixa de sugestões em visita às escolas secundárias
no início da época. Se não for permitido dentro das escolas, na entrada das
escolas ou na zona envolvente.
A criação de uma plataforma de comunicação segmentada
para a juventude, o focus group específico, a criação de jogos interativos ou mesmo aplicações móveis.
E ainda a realização de uma festa da juventude nas
rentrées, um evento político específico só para os jovens no decorrer da
campanha.
Obrigada.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado. Para atacar tem a palavra o João Silva,
do Grupo Rosa.
João Silva
Boa tarde a todos. Os dois estudos de base para esta
discussão concluem que os jovens estão afastados mas não alheados da política,
pois eles acompanham as várias informações que vão aparecendo nos vários meios
informativos.
No campo das vossas medidas ou orientações que
apresentaram, em que medida consideram que os vossos pontos 1 e 6 sejam
totalmente eficazes para aproximar os jovens à e para a política? E nos pontos
2 e 4, que são muito semelhantes, para não dizer iguais, o envolvimento deles
aí referido seria como?
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado. Tem a palavra, para defender, o Nuno
Pinto Dias, do Grupo Verde.
Nuno Pinto Dias
Muito obrigado. Muito boa tarde, caros colegas. Caro João
Silva, agradeço a sua crítica, mas deixe-me fazer uma pequena correção: isto
não são medidas só para incentivar e aproximar os jovens para a política. São
medidas para incentivar os jovens para a cidadania em geral. Porque a política
apresenta-se como uma parte substancial e insubstituível desta mesma formação.
Nesse seguimento, queria-lhe reforçar que, sobre o estudo
a que também teve acesso e que também fez a sua análise, entendemos que a
representatividade é um dos fatores cruciais por um simples motivo: os jovens
não se reveem nos movimentos como aqui é o caso. Nós aqui podemos sentir que,
de alguma forma, estamos todos catequisados, se me permitem a expressão. No
entanto, muitos dos nossos pares, dos nossos colegas, dos nossos amigos, quando
veem as nossas fotos pensam: hei, lá estão eles novamente naquela cena
política.
E enquanto os jovens não se virem devidamente
representados não será possível aproximá-los. E esse também é um trabalho de
casa, um trabalho nosso no sentido de aproximar-nos daquilo que são os nossos
desígnios, daquilo que são os desejos dos nossos pares.
Por outro lado, também referiu a questão do sistema
educativo deficitário. Já ouvimos aqui que houve disciplinas – nós não queremos
mais disciplinas, nós queremos mais envolvimento. E além desse envolvimento,
temos uma noção muito clara: é que todos nós apregoamos igualdade, mas
igualdade é diferente de unicidade.
[Carlos Coelho: 30 segundos]
Todos nós aqui somos diferentes uns dos outros,
defendemos opiniões diferentes, mesmo dentro do nosso partido defendemos
opiniões diferentes, quanto mais os jovens que são ainda mais plurais.
Portanto, aquilo que nós devemos reforçar é a nossa capacidade de estar ao lado
dos jovens.
Muito obrigado.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado. Nós fizemos o lapso de não iniciar o
cronómetro quando o Nuno estava a falar e, portanto, tivemos que deixá-lo falar
mais tempo no cronómetro, ou seja, tivemos que descontar o tempo em que o
cronómetro estava quando ele começou. É só para explicar que o Nuno não
beneficiou de tempo a mais, beneficiou do tempo a que tinha direito, a
responsabilidade foi nossa, por não termos feito reset na sequência da intervenção do João Silva.
Vamos agora passar para o Grupo Encarnado, para
apresentar o seu trabalho. Podem trazer as peças de puzzle.
E tem a palavra a Inês Fonseca Moreira.
Inês da Fonseca Moreira
Boa tarde a todos. No seguimento das apresentações
anteriores, começarei por apresentar o ponto de vista dos meus colegas
encarnados, começando por explicar o puzzle.
Naquilo que consideramos que sejam as medidas que estão a
afastar os jovens da política colocamos ceticidade.
Acreditamos vivamente que os jovens, cada vez mais, deixam de acreditar naquilo
que é a eficácia da participação política e social e que isso os leva a
afastar-se cada vez mais e não ter o mínimo interesse. Até porque chegam a
casa, ligam a televisão, e a primeira coisa que mostram é que, afinal, um
antigo governante estava a abusar do povo português. Claro que isso não inspira
confiança a ninguém.
Em segundo lugar colocámos a mais clássica desculpa
portuguesa que é o tempo, ou a falta de tempo – não tenho tempo para fazer isto
ou para fazer aquilo.
Na verdade, a falta de tempo é uma má redefinição de
prioridades. Até porque se nós só queremos o bem comum, o bem do vizinho, uma
aldeia viva, se nós só acreditamos nessas coisas, não nos vamos esforçar por
uma sociedade. E nós estamos inseridos numa sociedade, temos de ter isso em
consideração e nunca nos esquecermos disso.
Em terceiro lugar colocámos comunicação que, na verdade,
diz respeito à falta de partilha de informação. Nós vimos hoje de manhã, na
palestra, que os jovens, cada vez mais, utilizam meios de comunicação como a
Internet e, se nós nos limitamos a pôr a apresentação e a transparecer tudo o
que é informação pela televisão, não podemos simplesmente esperar que os jovens
continuem igualmente informados. Se os jovens vão para a Internet nós temos que
de nos adaptar e ir para a Internet também.
Assim, como não basta identificar o problema, já todos
sabemos isso, apresentamos agora as soluções.
A primeira, diretamente ligada à ceticidade , é a confiança. Em termos de confiança (confiança é uma
palavra que os portugueses já nem conhecem), mas eu acho que se nós inspirarmos
a promoção e a libertação de propostas que mostrem, efetivamente, que nós
continuamos com políticos sérios e que continuamos com pessoas que querem o bem
comum e o bem da civilização, podemos mudar isto, realmente.
Em segundo lugar temos a substituição dos recursos e o
reformular do discurso porque, nós achamos que, se nos dirigimos para jovens,
temos de saber falar para jovens.
Achamos que – e diretamente ligado àqueles que não têm
tempo, os típicos "sem tempo” –, achamos que devem ser criadas plataformas para
que possam votar e ter tempo, não terem de sair do seu conforto, porque acho
que os portugueses já não são dignos de conforto, segundo tenho percebido.
E a substituição de recursos, porque não criar e inspirar
a criação de coisas como o Twitter, sintetizar a informação, ser breves e
explicar bem. Não é de um momento para o outro que as pessoas vão ficar a
compreender tudo.
Para mudar, e as propostas que o Grupo Encarnado decidiu
fazer e apresentar, são as seguintes:
Primeiro, e já vi que foi aqui muito apresentada a
história da formação cívica, nós achamos que deve ser reintroduzida mas
reformulada, acima de tudo. Não é a partir dos 30 anos que as pessoas vão
começar a ficar familiarizadas com a política. As pessoas têm que começar a
entrar nos termos e naquilo que é o palavreado próprio mais cedo. E não vejo
por que não voltar a colocar a disciplina de Formação Cívica, dedicando pelo
menos metade do seu tempo à ciência política e à formação política, acho que
era uma boa iniciativa e que devia ser feita, aliás.
Em segundo lugar era relacionado com o facto, como eu já
falei anteriormente, de estarmos a falar para jovens. Nós achamos que as
palavras devem ser substituídas por imagens, e os textos por slogans. Torna-se muito mais
interessante nós vermos uma imagem e querermos ir pesquisar o que significa
realmente essa imagem, e não simplesmente olharmos para um texto e tentarmos
ler e interpretar.
Em terceiro lugar, a atividade das Juventudes
partidárias. Eu sei que muitos de nós estamos em Juventudes partidárias porque
fomos estimulados, mas eu acho que seria muito mais interessente se tivessem um
papel muito mais ativo na sociedade. Poderíamos, por exemplo, experimentar a
criação de vídeos que fizessem com que os jovens se identificassem com os
próprios vídeos e apenas vir a descobrir que os vídeos partiram das Juventudes
partidárias mais tarde. Seria bastante mais interessante.
E é só. Obrigada.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado. Para atacar, tem a palavra, do Grupo
Azul, Fernando Melo.
Fernando Melo
Ora boa tarde, caríssimos colegas; dar
os parabéns ao Grupo Encarnado pelo trabalho que teve.
Eu coloco já aqui uma dúvida no primeiro PowerPoint que
é: "ceticidade” penso que não existe. A palavra adequada seria ceticismo. Não
terei a certeza, mas penso que sim. Estivemos em consulta no dicionário e
achamos que essa palavra não está correta.
Realmente, nos principais fatores que destacam como
problemas, na falta de tempo concordo perfeitamente convosco. Em relação às más
táticas de partilha de informação, já não posso concordar, porque realmente nós
observamos o nosso primeiro-ministro que fez campanha durante muito tempo
através do Facebook. O nosso Presidente da República também. Cada vez mais os
nossos candidatos, deputados e seja o que for, utilizam as redes sociais.
Portanto, não nos parece que seja esse um dos principais problemas. Como uma
das medidas que vocês apresentaram, realmente, a substituição de recursos já é
um método que é utilizado.
Em relação à reformulação da disciplina de Formação
Cívica, terá que ser realmente uma reformulação muito grande. Eu ainda apanhei
Formação Cívica e o professor que dava a aula passava-nos filmes. Também tinha
caráter obrigatório, as pessoas tinham que lá estar, mas…
[Carlos Coelho: 30 segundos]
Em relação a mensagens curtas e de fácil interpretação.
Citando o Eng.º Jorge Moreira da Silva, nem tudo são sound bites , às vezes é preciso mensagens mais adequadas. A nível
das Juventudes partidárias, também acho, como jovem militante da JSD também
acredito que devem estar presentes no dia-a-dia, mas tenho que destacar o
trabalho das associações juvenis, de grupos de jovens religiosos e tudo o mais.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado. Tem agora a palavra, para defender, do
Grupo Encarnado, Ruben Reis.
Rúben Reis
Muito boa tarde. A minha palavra é para fazer a defesa ao
meu antecessor, e devo fazê-lo pelo seguinte.
Existe partilha de informação nas redes sociais de
deputados, Presidente da República, primeiro-ministro, mas essa utilização é
feita de forma perfeita? Não. A comunicação não é aquilo que falamos mas aquilo
que o outro compreende do que é dito. E quando ouvimos da boca dos portugueses
"não consigo perceber, não consigo entender, não vejo o caminho, não me sinto
interessado”, penso que a comunicação não está a ser eficaz nem eficiente.
[APLAUSOS]
Esta é uma realidade que a todos deve preocupar e este é
o tempo de despertar o interesse e acordar a memória da juventude portuguesa.
[APLAUSOS]
Fizemos um trabalho sério, refletimos de forma serena,
contruímos sugestões que procuram contrariar esta negativa e cada vez mais
adotada tendência, o afastamento dos jovens da política. Esta é uma proposta
que será aplicada gradualmente.
No caso do voto, este é um dever cívico conquistado pelos
nossos ascendentes.
[Carlos Coelho: 30 segundos]
Os jovens devem ter consciência e compreender o valor que
isso representa. Não é justo, aqueles que lutaram pela liberdade, agora com a
geração responsável por manter viva a memória de abril, estar a esquecer os
seus direitos e deveres.
Existe uma necessidade de haver uma reestruturação da
lecionação da disciplina Formação Cívica, com o objetivo de cimentar bases mais
sólidas dos princípios de cada um de nós, solidificar este dever cívico
conquistado com muito suor e trabalho.
Porque explicar o passado é meio caminho andado para
perceber o presente e o trabalho do futuro.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado, terminou. Passamos agora para outro
grupo. Passamos para o Grupo Cinzento, podem trazer as vossas peças do puzzle.
Dou a palavra ao Pedro Marcelino. Dispõe de cinco
minutos.
Pedro Marcelino
Dizem que há dois tipos de pessoas em Portugal: aquelas
que fogem da política e aquelas que têm de fugir por causa da política. As do
segundo tipo costumam ficar em Évora.
[APLAUSOS]
Enquanto as do primeiro tipo encontram-se em toda a
parte, exceto aqui em Castelo de Vide. Caros não fugitivos, eu hoje venho-vos
falar das causas, das estratégias e das medidas que podemos adotar para impedir
o afastamento dos jovens da intervenção cívica e política.
De acordo com estudos efetuados pela Universidade
Católica portuguesa, nós apurámos três grandes causas para que os jovens se
afastem deste tipo de intervenção.
A primeira delas é uma descrença no funcionamento do
sistema. No fundo é como se alguém estivesse a ver um jogo de ténis e já
soubesse que o resultado estava combinado na casa das apostas. Ninguém quereria
ver esse jogo.
A segunda causa que nós temos é a falta de perceção do
impacto que a política tem nas nossas vidas. Afinal de contas, todos nós
sabemos que é muito mais importante um jogo da seleção do que um comunicado do
Ministro das Finanças.
E por último, a terceira razão que apurámos foi a falta
de identificação das pessoas com os partidos existentes. E aqui vigora o
princípio do "diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”. As pessoas não se
identificam e, por isso, não querem andar de mãos dadas com a política.
Assim, dada esta falta de comunicação, dado o facto de a
informação não chegar ou por vezes chegar de forma distorcida, nós apresentamos
três estratégias para mudar o atual contexto.
A primeira delas é o minuto jovem. O minuto jovem
consiste na disponibilização de conteúdos audiovisuais com uma duração curta,
com menos de um minuto, e com informação relevante relativa às questões cívicas
e políticas. Porquê menos de um minuto? Todos nós que vamos ao Facebook sabemos
que ninguém perde mais de um minuto a ver os vídeos que lá estão.
Segunda estratégia é o dia da cidadania jovem, que é um
dia focado em atividades de intervenção cívica e política e que funciona um
pouco como as semanas abertas das universidades, cativando assim todos nós à
oferta formativa que é oferecida.
E por fim a newsletter da cidadania jovem, mais um espaço
informativo para melhorar a comunicação, mas com um fator mais; o fator da
interatividade, pois serão os próprios jovens a contribuir com conteúdos, com
perguntas e tudo o mais, funcionando um pouco como nós temos visto aqui, de
forma tão brilhantemente executada na nossa Universidade de Verão, com quer a
Internet quer o nosso jornal, o JUV. Este tipo de envolvimento traz as pessoas
para nós.
Em termos de medidas, também apresentamos três.
A primeira delas é o desenvolvimento de um plano de
comunicação digital. É essencial usar os meios dos jovens para chegar aos
jovens. Como tal é essencial desenvolver um plano de comunicação digital.
É também essencial dar visibilidade a elementos das
juventudes partidárias. Porquê? Porque só assim poderemos criar um sentimento
de identificação, de reconhecimento, para que as pessoas vejam os modelos que
podem seguir. É um pouco como acontece no Bloco de Esquerda com a deputada
Mariana Mortágua. E o que eu penso sempre nesse momento é: se alguém que
defende os ideais do Bloco de Esquerda consegue ganhar visibilidade, quanto
mais alguém que defende os ideais da social-democracia.
[APLAUSOS]
Por último, dar protagonismo às ações de intervenção a
nível comunitário. Os jovens, pelas caraterísticas da sua idade, têm ímpeto,
têm vida, querem resultados imediatos. É a cultura do imediato.
Por isso, temos de mostrar que, com intervenção, nós
conseguimos fazer mudar as sociedades com resultados efetivos e práticos.
[Carlos Coelho: 30 segundos]
Dizem que, sozinhos, vamos mais rápidos, mas que juntos
vamos mais longe. Eu acredito nisso, e acredito que é importante trazer os
jovens para junto de nós e criar um terceiro tipo de pessoa em Portugal: as
pessoas que não fogem da política e que não fogem do nosso país.
Muito obrigado.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado, Pedro. Vamos agora passar ao ataque, que
será feito pelo Grupo Amarelo, pelo Miguel Sousa.
Miguel Sousa
Boa tarde a todos. O Grupo Amarelo discorda de três
medidas apresentadas pelo Grupo Cinzento.
A primeira medida é a cidadania jovem, o dia da cidadania
jovem, que, à semelhança do dia da defesa nacional, a que muitos de nós fomos;
muitos de nós não nos lembramos daquilo que aprendemos no dia da defesa
nacional. Portanto, parece-me que assim que a coisa não vai lá.
Segunda medida é a newsletter. Não se sabe se é digital,
se é em papel, mas o estudo "Jovens e a política” diz que os jovens não vão à
Internet à procura de politica nem vão aos jornais à procura de política. Portanto,
de qualquer das maneiras, parece-me que vai haver falta de eficácia nessa
medida.
[APLAUSOS]
E a terceira medida que eu acho um insulto aos jovens – e
acho um bocado hipocrisia – é utilizarem o exemplo da deputada Mariana
Mortágua, que é militante do Bloco de Esquerda, que é um partido conhecido
pelas suas demagogias. E são as demagogias que tornam os jovens e os
portugueses afastados da política. Eu acho que não é com mais demagogias que se
vai lá.
Com base nestas razões que eu disse, eu acho que as
vossas propostas apresentam uma grande falta de eficácia e de eficiência.
Muito obrigado.
Dep.Carlos Coelho
E para defender, o Grupo Cinzento. Tem a palavra o João
Fortes.
João Fortes
Muito boa tarde. Desde já cumprimentar-vos a todos e dar
nota que, ainda que saindo do meu grupo, eu sou de Évora e estou aqui como
representante de Évora, portanto queria dar nota de que existem algumas
exceções à regra e que nós participamos ativamente na política. Era só para dar
essa indicação.
[APLAUSOS]
Relativamente àquilo que o Grupo Amarelo refere, a medida
da cidadania jovem. De facto, foi um ponto que tentámos evidenciar, demos como
título de exemplo o dia da defesa nacional, ainda que não funcionasse
necessariamente, atenção – e vocês deveriam ler talvez melhor o documento –, é
tido como exemplo. Tem que existir uma reestruturação deste dia, talvez
particularmente aplicado às escolas e ao contexto em que são dadas as aulas e à
sua metodologia.
Relativamente à newsletter, concordo plenamente que, por
vezes, a eficácia da comunicação não é a melhor e relativamente à newsletter
que não é uma coisa nova. De qualquer dos modos, o conceito de inovação é esse
mesmo - nós temos que tentar fazer com que uma medida resulte de uma forma
diferente do que aquela que já foi implementada. É a nossa tentativa e esta
tentativa de newsletter seria aplicada à interação como existe aqui na
plataforma da Universidade de Verão.
Relativamente àquilo que referes do exemplo da Mariana
Mortágua – salvo erro, pronuncio bem o nome –, de facto, nós evidenciamos esse
exemplo porque ela, de facto, é uma prescritora de influência. Não que me
identifique com ela, mas, de facto, a maioria dos jovens identifica-se com
aquela imagem. Percebes? E era isso que eu queria realçar. Talvez noutros
campos da política, dado o protocolismo que existe, e a formalidade, as pessoas se afastem devido à pouca naturalidade
que existe no diálogo.
E, para rematar, é de focar que nos vossos exemplos que
vocês citam no vosso trabalho, há uma falta de objetividade clara. Vocês dão
linhas gerais, dão diretrizes, de qualquer dos modos nós tentamos, de forma
objetiva, focar pontos essenciais na campanha. E vocês fazem-no de uma forma
redundante e com pouca aplicação prática. Obrigado.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado, passamos para a apresentação do Grupo
Bege. Podem trazer as vossas peças.
Dou a palavra à Fernanda Catarino.
Fernanda Catarino
Boa tarde a todos. Medidas para combater o afastamento
dos jovens da política.
Ponto número um. Introdução de uma disciplina de cariz
político no ensino secundário, de forma a ensinar aos jovens vários aspetos da
política nacional, consciencializando-os para as problemáticas da sociedade e
de que forma podem intervir para a melhorar.
Porquê no secundário? Porque no secundário é quando os
jovens, no início da adolescência, começam a ganhar personalidade política e
uma visão do mundo.
Uma disciplina de política? Em primeiro lugar é de
referir que disciplina vem de disciplinar, educar, aprender. O estudo da
política é tão ou mais importante que estudar filosofia ou história. A política
faz aumentar o nível de consciência dos jovens para os problemas de uma vida em
sociedade. Estudar a política desde cedo faz com que também se perceba o que
são ideologias e quais as suas virtudes e defeitos de cada uma delas.
O estudo da política procuraria também demonstrar que não
existem políticos profissionais, mas sim que todos temos algo a dizer, mais que
não seja pela nossa ação em ir votar, como manifestação superior e uma formação
cívica.
Ponto número dois. Envolver os jovens em causas públicas
e não políticas, fazendo-os sentir como elemento nuclear e basilar do poder
autárquico local e do poder central do arco do governo nas decisões adotadas.
Porquê a distinção entre públicas e políticas? A forte
politização dos órgãos pelo partido vencedor provoca um sentimento de
afastamento na sociedade, em particular nos jovens. Se as iniciativas forem
rigorosamente só públicas os jovens não sentem que estão a defender uma fação (no
caso, o partido que terá ganho o poder no órgão público) mas sentem que estão a
defender o seu país, a sua pátria. Isto cria uma maior conexão entre os
elementos da sociedade, sendo que os jovens, pela sua experiência de vida
menor, são sempre os mais influenciáveis, e sendo a influência um caso
positivo, esta irá perdurar a médio prazo.
Porquê causas e não ideologias? O ser humano move-se por
causas. Um exemplo disto foi quando a sociedade portuguesa lutou para que Timor
Lorosae fosse independente, apesar de estar a uma distância muito grande de
Portugal. Outro exemplo foi o Euro 2004, onde Portugal se uniu para defender
uma equipa desportiva.
Ponto número três. Fomentar um sentimento nacional junto
dos jovens de participação cívica ativa, evocando elementos preponderantes na
nossa história, cultura, gastronomia e valências pessoais.
Porquê fomentar um sentimento nacional? A unidade
territorial é a única forma de Portugal se manter coeso e a nossa sociedade se
manter focada na existência conjunta. Isto é, para a população urbana é
importante, por exemplo, o bem alimentar… indivíduos do meio rural, da
população rural, como para a população rural é importante a prestação de
serviços, como a saúde e a educação, vindos da população urbana.
Por outro lado, a qualidade de vida e promoção de vida
saudável dificilmente será compatível se todos quisermos viver no mesmo espaço
– as grandes cidades de Lisboa e Porto. Pelo que a degradação de vida, para
além de afetar o cidadão, afeta a sociedade no global, pois, para combater o
flagelo, mais impostos, por exemplo, terão de ser recolhidos para injetar no
sistema de saúde.
Porquê figuras públicas? O facto de não existir uma
politização nos meios de comunicação, mas sim serem os atos de personalidades,
figuras públicas idóneas e apartidárias, faz com que as pessoas, mais uma vez,
não pensem que estão ao lado de uma fação, de um partido, mas sim ao lado de
alguém que representa a sociedade no seu global. Por exemplo, um jogador de
futebol que não tenha um partido assumido – Cristiano Ronaldo.
Evocar a história, cultura, gastronomia e outros
elementos distintos entre as regiões é também dar-lhes valor e demonstrar à
sociedade que estes valores são tão importantes como os de quem vive na cidade.
Por exemplo, o facto de, nos últimos anos, ter virado moda andar de motorizada
Famel ou Zundap, demonstra que esta população, normalmente considerada pobre, é
tão importante quanto a população urbana que anda de motas Harley Davidson. No
mundo, este sentimento de valorização das populações na sua diversidade faz com
que a sociedade se mantenha unida.
Obrigada.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Dou a palavra, para atacar, à Ana Vieira, do Grupo
Laranja.
Ana Vieira
Boa tarde. Estão a ouvir?
É o seguinte: vocês, na primeira medida, sugerem a
criação de uma disciplina de cariz político. E a nossa dúvida é: até que ponto
é que uma disciplina, a ser criada de raiz, junto de um público-alvo com uma
idade complicada, com uma mentalidade complexa, iria ter um bom aproveitamento.
Afinal de contas, os valores devem ser incutidos desde cedo e a política, acima
de tudo, pretende estimular a participação cívica em prol de uma comunidade
onde estamos inseridos.
Caso não saibam, na universidade já existe o próprio
curso de ciência política, mas no ensino secundário existe uma disciplina
opcional nos cursos de humanidades e socioeconómicas, lá está, é opcional. Mas
tem bastante pouca adesão porque, lá está, os jovens não estão interessados. E
o que faz com que muitas escolas nem optem por integrar essa disciplina no
programa.
Na segunda medida vocês sugerem envolver os jovens em
causas públicas e não políticas. A nossa dúvida é também… temos a dúvida de
como é que iria funcionar esse processo e como é que vocês iriam atingir o
vosso target. Será que iria surgir um interesse momentâneo por parte do vosso
público-alvo?
Na terceira medida…
[Carlos Coelho: 30 segundos]
De que forma é que esta tentativa de fomentar a
participação cívica dos jovens iria ser uma novidade? Até porque os planos
anuais de ensino já têm disciplinas como história ou geografia, que já têm a
função de inserir os pontos mais fundamentais de ambas as áreas.
Obrigado.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Dou a palavra, para defender, à Renata Costa Leite, do
Grupo Bege.
Renata Costa Leite
Boa tarde.
Relativamente ao primeiro ponto, de facto existe, tens
toda a razão, existe um curso que é ciência política, mas, por exemplo, estás a
restringir o público, isto é, os estudantes. No 12.º ano tu disseste que existe
a disciplina de política, ou ciência política, expressamente para quem está em
línguas e humanidades. E quem está em ciências e quem está em economia, por
exemplo? Essa opcional não existe em todos os cursos de línguas e humanidades.
Pessoalmente, eu andei em línguas e humanidades e não tive essa opcional,
infelizmente.
Depois falamos… No ponto número dois… isto chama-se
democracia participativa.
[APLAUSOS]
Que fomenta a vontade dos jovens participarem na
sociedade. E é dessa maneira, basicamente obrigando-os a participar na
sociedade, é que eles começam-se a interessar. Se nós até hoje não fomos
obrigados a participar na sociedade e estamos 100 aqui nesta sala, penso eu que
queremos alargar, acho que temos que tomar uma medida um bocado mais séria e
mais restrita, pronto, mais séria.
E era isso, não sei se têm mais alguma dúvida.
Obrigada.
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado. Vamos agora passar à apresentação do
Grupo Rosa. Podem trazer as vossas peças de puzzle.
E dou a palavra à Carolina Patrício.
Carolina Patrício
Caros colegas, a nossa é a geração mais formada e
informada de sempre. Contudo, podemos perguntar se esta geração está próxima ou
não da vida política portuguesa. A nossa resposta é que há realmente um
afastamento. Contudo, esse afastamento não se deve ao desinteresse dos jovens
pela política em si, mas sim ao facto de não se reverem na política portuguesa.
E assim enumeramos três razões para este facto.
A primeira é o sistema político-partidário português. É
um sistema rígido e tradicionalista, em que as formas de liderança dentro dos
partidos e a ineficiência da comunicação entre os eleitores e os eleitorados
fazem com que os nossos jovens não se sintam dentro do centro de decisão e, por
isso, acham-se impotentes perante os decisores políticos.
A nossa segunda razão é a descredibilização da classe
política. De facto, a sistemática divergência entre os compromissos
pré-eleitorais e depois as ações governativas fazem com que os nossos políticos
sejam acusados de falta de rigor. E essa falta de rigor é extensível não só à
atividade político-partidária, mas também reflete-se na atividade política como
ato de cidadania.
Também apontamos uma das razões do afastamento à atual
conjuntura económica. De facto, nomeadamente no caso dos jovens, um mercado de
trabalho que não dá resposta à procura de todos os jovens que querem estar
integrados neste mercado, faz com que nós consideremos que: primeiro, temos que
pensar nos nossos problemas pessoais e só depois nos problemas da sociedade
como um todo. Assim, também vimos que os políticos não estão a dar respostas
para os nossos problemas quotidianos.
Contudo, nós damos-vos uma mensagem de esperança e
apresentamos soluções.
Defendemos a reforma do sistema político, nomeadamente
abrindo os partidos à sociedade, para que não sejam apenas máquinas
burocráticas, repensando-se internamente e nos seus valores.
Defendemos também, com a reforma do sistema político, o
debate ou a abertura de novo debate acerca da reforma do sistema eleitoral
português. Como nova solução, temos a aproximação dos políticos da sociedade e
achamos que a credibilidade dos políticos pode ser reconquistada se houver uma
renovação dentro dos partidos para que as pessoas que fazem política não sejam
associadas ou rotuladas como pessoas que vivem agarradas ao poder.
Também defendemos que uma forma de os jovens voltarem ou
regressarem à política é incluir jovens em lugares elegíveis nas listas
candidatas aos órgãos de soberania tanto nacional como local, porque assim nós
sentimos que temos alguém da nossa geração que conhece os nossos problemas a
defender os nossos ideais.
[APLAUSOS]
Apesar de nós sermos, realmente, a geração mais formada e
informada de sempre, nem sempre existe qualidade nessa informação. Assim, nós
defendemos que deve haver uma reforma e uma dinamização nos meios de
comunicação, onde incluímos a escola. Deve haver uma educação política e
económica, para que exista um maior espírito crítico e empreendedor dos jovens
portugueses.
Mas, caros colegas, como é que nós podemos começar já
para ganharmos as próximas eleições? Nós defendemos que os jantares-comício
funcionam, contudo, nós jovens queremos estar ao pé de jovens em ambientes
jovens. Por isso defendemos que podemos, por exemplo, fazer como lá a festa de
aniversário da JSD… um género de sunset que é interrompido para darmos a conhecer os nossos ideais. Isto pode ser
replicado em todas as capitais de distrito. Eu penso que seria uma forma de
aproximar os nossos jovens.
Nós também defendemos
[Carlos Coelho: 30 segundos]
a criação de um sketch que se torne viral para
apresentarmos as nossas ideias. E depois a distribuição de flyers – realmente
pode resultar, mas não é nos mercados nem nas baixas da cidade durante os dias
da semana, mas sim universidades, politécnicos e onde estão os jovens.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado. Vamos passar então agora ao ataque. Será
feito pelo João Pedro Cruz, do Grupo Castanho.
João Pedro Cruz
Boa tarde, caros colegas, caros companheiros.
Estou preocupado com a posição dos meus colegas, parece
que a cor do boneco está a afetá-los, na medida em que realmente demonstram que
haja um corte brutal a nível das listas apresentadas para os atos eleitorais. Ora,
a renovação no seu intrínseco valor da palavra só acontece quando existe um bom
balanceamento entre os jovens que estão na atividade política e as pessoas que
já a exercem. Esta introdução não pode ser feita de maneira cabal - tem que ser
cabeça, tronco e membros.
Relativamente à parte das tradições e dos valores, eu
presumo ficar um bocado chocado, porque temos de ter noção quando estamos a
falar de valores. E ao afirmar que não existe nenhum valor atual nos nossos
partidos políticos, é afirmar que não existe, então, a funcionalidade dos
mesmos. Isto é, passo a explicar: os partidos políticos vivem numa raiz de
valores ideológicos que, ao longo dos mais de 40 anos da nossa democracia, se
vão adaptando à realidade. E portanto, não podemos estar a mexer na matriz mãe
dos nossos valores e, de repente, estarmos a pedir para atualizar, só porque os
jovens verdadeiramente querem. Portanto, temos que ter noção entre aquilo que
realmente são as nossas pedras basilares e aquilo que a nossa sociedade precisa.
Não achas?
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Para defender, tem a palavra o João Pedro Matias, do
Grupo Rosa.
João Pedro Matias
Então muito boa tarde a todos.
Em primeiro lugar queria louvar a apresentação do Grupo
Cinzento que achei muito assertiva e também por constituir um forte complemento
àquilo que nós estamos a apresentar.
Respondendo então ao ataque. Frisou dois pontos muito
importantes. A questão é que não o queremos fazer de forma cabal, longe disso,
de forma, acima de tudo, responsável, muito bem pensada.
Mas eu queria frisar principalmente o segundo ponto, da
atualização dos valores. É normal, que os valores são a raiz de um partido. Mas
já falámos durante esta semana que existe esse problema, ou pelo menos
colocou-se a possibilidade desse problema, de ligar os valores aos jovens. E
dos partidos, da maneira como transmitem esses valores, é uma maneira que os
jovens pensam que é um bocado retrógrada, para alguns. Outros não o consideram,
como é a vossa opinião, e compreendo plenamente.
Continuando, também muito importante aqui realçar um
projeto de Resolução, que é conhecido aqui dos nossos caros deputados Duarte
Marques e Simão Ribeiro, que enriqueceu bastante o projeto e que também seria
muito bom aqui para o enriquecimento da nossa discussão, neste caso também para
o vosso grupo, porque fala da formação cívica ao longo de todos os anos, que é
uma das vossas propostas. E fala também especificamente de algo que já foi
falado muito aqui, que é a ciência política no Secundário. E portanto até
ofereço ao Grupo de Ataque este projeto de Resolução de forma a poderem
enriquecer o vosso discurso.
[Carlos Coelho: 30 segundos]
Assim, só dizer que estas medidas que nós apresentámos
não podem ser vistas de forma individual, como o ataque fez. É um projeto coeso
em que uma coisa implica necessariamente a outra. É preciso uma reforma do
sistema político, mas essa reforma precisa de ser acompanhada por uma maneira
diferente de explicar os valores e de explicar aquilo que são os partidos.
E termino assim a minha apresentação. Muito obrigado a
todos.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado. Passamos agora à apresentação do trabalho
do Grupo Azul. Podem trazer as vossas peças. E dou a palavra ao José Manuel
Ribeiro.
José Manuel Ribeiro
Muito boa tarde a todos.
Um dos flagelos da nossa República é, como todos sabem, a
abstenção juvenil. Abstenção esta que tem vindo a preocupar, e com razão, o
Exmo. Senhor Presidente da República.
Após a análise cuidada de vários estudos, o nosso grupo
detetou as três principais razões para este fenómeno.
A primeira razão é a total descrença da juventude para
com os políticos. A segunda, como é do conhecimento de todos, diz respeito ao
abandono quase total dos valores cívicos por parte dos jovens. Por fim, os
jovens têm medo. Medo da máquina partidária e das ideias muitas vezes
dogmáticas que algumas assumem.
Mas a questão mantém-se: como? Como tentar minimizar
então os efeitos da abstenção na população juvenil? Bem, o nosso grupo defende
que devemos promover, para além de uma maior transparência da classe política,
um incentivo à população em geral na formação cívica e política.
Mas com razão estarão a pensar os meus caros colegas: não
serão essas as medidas que têm sido abordadas todos estes anos sem sucesso?
Sim, é um facto que este tema já não é novo, mas finalmente este grupo de
trabalho fez o que os anteriores grupos não conseguiram – este grupo propõe
soluções.
[APLAUSOS]
Defendemos que cada candidato a um cargo de governação
deverá ser sujeito a um escrutínio rigoroso antes da sua confirmação. Por
outras palavras, vamos aumentar a confiança nas pessoas que são eleitas.
Vamos criar o cartão de eleitor por pontos. Será um
cartão muito semelhante à carta de condução por pontos. Todos os eleitores
terão à partida 10 pontos a que serão descontados 2 pontos cada vez que o
eleitor não participar numa eleição. Defendemos, neste caso, que cada ponto
descontado serviria como lição de aprendizagem cívica. Cada vez que o cidadão
possuidor deste cartão esgotar a totalidade dos seus pontos deverá,
obrigatoriamente, participar numa ação de formação cívica.
[APLAUSOS]
E porquê? Porque, senhoras e senhores, no nosso entender,
quem se abstém não está a defender a liberdade. Está, sim, a ignorar o que os
nossos pais e avós lutaram, muitas vezes a custo de sangue, para conseguir.
[APLAUSOS]
Colegas, o nosso grupo não quer apenas penalizar a falta
de civismo. Queremos também premiar todas as ações cívicas e, por isso, sempre
que a pontuação atingir um valor mínimo e a ação de formação for concluída com
sucesso, ser-lhe-ão atribuídos, automaticamente, 2 pontos. Caso o cidadão
deseje recuperar mais pontos poderá, de forma voluntária, realizar ações de
solidariedade social, valendo cada uma dessas ações 2 pontos.
Achamos também que, à semelhança do que já fazemos no
nosso grupo, uma forma de lutar contra os receios pré-instalados passa pela
inclusão de pessoas não militantes nos eventos dos partidos, de forma a que todos
percebam que apoiar um partido não pressupõe a renúncia da sua individualidade.
Colegas, a nossa democracia ainda é jovem e todos nós nos
devemos empenhar em torná-la mais saudável. Para isso, precisamos de uma
participação ativa de todos os cidadãos de todas as faixas etárias. Convido,
por isso, os presentes, a apoiar as propostas deste grupo para que, de uma vez
por todas, possamos resolver esta questão.
Obrigado.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Dou a palavra, para o ataque, à Patrícia Oliveira, do
Grupo Roxo.
Patrícia Oliveira
Caros colegas, com o devido respeito, e salvo melhor
opinião, as vossas medidas e especialmente as vossas soluções apresentam
lacunas. Vejamos o artigo 48.º da CRP quanto ao maior rigor na seleção dos
nossos governantes: "Todos os cidadãos têm o direito de tomar parte na vida
política.”
Mas foquemo-nos na vossa medida. Como seria feita a
seleção? Qual o método? Há um júri, quem o compõe? Uma entidade autónoma, que
legitimidade? Como ultrapassamos as disposições da CRP? Isto não é desacreditar
os partidos, a sua ideologia e a sua escolha?
Quanto à vossa segunda solução. A vossa medida ou solução
contraria de forma clara e inequívoca o disposto no artigo 10.º e 49.º da
Constituição da República Portuguesa. O voto é um dever cívico e não um dever
jurídico.
[APLAUSOS]
Não mexam na Constituição, porque o direito de votar
pressupõe a liberdade de voto, na qual se enquadra a liberdade de não votar. A
democracia não pode assentar num voto obrigatório que acaba por ser o que vocês
admitem quando se atinge o valor nulo. Só pode ter como ponto-chave, esta
democracia, o voto motivado e informado.
Quando à quarta solução da inclusão de independentes em
listas e eventos, a participação de independentes não reforçará a ideia de que
os jovens não se revêm nos políticos? Jovens que não participam vão participar
num evento político só porque lá está um independente?
[Carlos Coelho: 30 segundos]
Independência ou mudança de paradigma?
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Para defender tem a palavra, do Grupo Azul, o Nuno André
Ramos.
Nuno André Ramos
Muito obrigado, boa tarde.
Caríssima Patrícia, falou da Constituição e,
efetivamente, todos nós lemos a Constituição e elencou dois artigos
extremamente importantes. Contudo deixe-me fazer referência, salvo erro, estou
a falar de memória, ao artigo 13.º de igualdade.
A igualdade é, a meu ver, e certamente concordará comigo,
das coisas mais importantes em democracia. Certo? E acho que esse artigo
desmonta tudo aquilo de que falou a partir do artigo 10.º, a partir do artigo
49.º.
Falou que o voto é um dever cívico. É, o voto é um dever
cívico. Mas não acha que esses deveres… o voto é muito mais do que um dever, a
definição de voto não se esgota em dever. A definição de voto vai muito para
além disso. Temos de pensar, como alguém disse, não só no que um país pode
fazer pelas pessoas, mas no que as pessoas podem fazer por esse país.
[APLAUSOS]
Disse ainda que a inclusão de independentes não ajuda. Eu
discordo, eu discordo. Porque incluir um independente demonstra que formar não
é formatar.
[APLAUSOS]
E agora para toda a plateia. Ouvi certamente alguns risos
quando se falou da inclusão da carta de pontos. Podem-se rir, mas também se
riram quando se falou da inclusão da fatura da sorte e de um Audi?
[Caros Coelho: 30 segundos]
Porque o que nós queremos é mais transparência, mais
verdade, mais honestidade e as nossas medidas são concretas, e são medidas para
mudar mentalidades, não é em 10 anos é em 20, e quando essas medidas já não
forem mais necessárias vocês irão agradecer.
Muito obrigado.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Passamos para o Grupo Amarelo. Podem trazer as vossas
peças de puzzle.
E dou a palavra à Sofia Oliveira.
Sofia Oliveira
Boa tarde a todos. Eu venho apresentar a proposta do
Grupo Amarelo. Eu tenho que admitir que estou um bocadinho nervosa porque o
nosso trabalho está a causar tanta expectativa que o Grupo Cinzento sentiu a
necessidade de o atacar antes de eu o começar a apresentar.
[APLAUSOS]
Foi-nos pedido que analisássemos dois estudos pedidos
pelo Presidente da República para analisar o desinteresse e o afastamento dos
jovens da política. Nós temos aqui uma tabela que mostra que, de facto, a
acompanhar toda a população portuguesa, mas em especial os jovens, têm um
grande desinteresse pela política. E porquê? Nós apontamos aqui as três razões
pelas quais nós consideramos que os jovens estão afastados da política.
Primeiro, a baixa literacia política, associada, por um
lado, à falta de interesse, por outro lado, e tal como dito nos estudos, às
condições socioeconómicas. Aquilo que é dito nos estudos é que pessoas e
famílias em situações socioeconómicas mais estáveis tendem a participar mais na
política do que os outros.
De seguida, a desconfiança nas instituições. A crise
económica, associada, em grande parte, à descredibilização dos políticos e à
responsabilidade dos políticos nas tomadas de decisões, levou a que as pessoas
não confiem nas instituições e não sintam que o seu voto e a sua participação
vá fazer a diferença.
Por outro lado, há ainda um sentimento de que é difícil
aceder à política, que só alguns é que conseguem e, portanto, as pessoas muitas
vezes nem sequer tentam e os jovens, particularmente, acham que nem sequer vale
a pena.
E quais são as soluções? E é verdadeiramente disso que
importa falar. As soluções que nós apresentamos começam com a formação política
nas escolas. Tal como foi referido por alguns grupos, é verdade, nós defendemos
a introdução da disciplina de Formação Cívica nos moldes em que ensine o que é
a democracia, o que os partidos defendem. Fazer uma formação para os jovens
começarem desde o início a ganharem interesse pela política.
Por outro lado, defendemos a aproximação dos jovens aos
políticos. E como é que fazemos isso? Como é que propomos fazer isso? Através
de palestras e conversas deslocalizadas em várias zonas do país, alternando
entre deputados eleitos pelo círculo da zona onde está a ser feita a conversa
ou outras pessoas, em que se pode falar de temas de interesse nacional, local,
temas fraturantes que costumam ter grande interesse para os jovens e em que os
jovens podem sentir que as pessoas com quem estão a falar estão a ouvir, estão
a sentir que são ouvidos, e podem sentir que as pessoas que vão tomar a decisão
ouvem as suas ideias e as suas soluções.
Por outro lado, defendemos a introdução de quotas para os
jovens na formação das listas, à semelhança daquilo que foi feito com as quotas
para as mulheres e que, indiscutivelmente, levou a um aumento da participação das
mulheres na política, nós defendemos que a introdução de quotas para os jovens
aumentará as oportunidades para os jovens, permitirá aos mais velhos cederem
algum espaço aos mais jovens; e, portanto, os jovens, sentindo que têm esse
espaço, terão mais vontade em participar.
[APLAUSOS]
Por último, agora como sugestões para serem utilizadas
nas eleições e em campanhas. De referir que nós achamos que as medidas de mais
médio prazo são mais eficazes do que as medidas de curto prazo, nós defendemos
o contacto com o candidato.
O quê que eu quero dizer com isto? No caso das próximas
eleições, o primeiro-ministro ir a vários pontos do país, ter conversas com as
pessoas e com os jovens em especial, ouvir as suas ideias, ouvi-los e falar com
eles. Na medida do responsável, e daquilo que um governo tem que fazer, poder utilizar
essas ideias depois no programa político e nos quatro anos que se seguem à sua
eleição.
Desta forma os jovens sentem-se mais próximos, sentem
que, mais uma vez, as suas ideias contam e que podem transmitir aquilo que
querem fazer.
Por outro lado, defendemos uma melhoria na comunicação
através das redes sociais. Nós sabemos que os jovens estão sempre nas redes
sociais, nós também somos jovens e percebemos isso, e defendemos que a
comunicação deve ser feita, não só através do Facebook, como já é feito, mas
também através do Instangram e do Twitter, para chegar a cada vez mais pessoas
e para ter um impacto cada vez maior.
Acreditamos que estas medidas ajudarão a aproximar os
jovens da política, ajudarão e aumentarão a participação jovem.
Obrigada pela vossa atenção.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Tem a palavra para atacar o Nuno Moreira, do Grupo Verde.
Nuno Moreira
Muito boa tarde. Eu congratulo o Grupo Amarelo pelo seu
bom trabalho, apesar de que, francamente, apresenta algumas falhas.
Em primeiro lugar, o Grupo Amarelo identificou a crise
económica e a conjuntura económica e a iliteracia política resultante de
determinados fatores socioeconómicos como um dos principais fatores que
contribuem para o desinteresse dos jovens.
Isto, a meu ver, francamente, demonstra uma profunda
ignorância da evolução estatística das taxas de abstenção em Portugal desde que
nós temos eleições democráticas. Porque as taxas de abstenção não começaram a
subir em 2008 com a crise nem com a austeridade posterior. Elas começaram a
subir em 1975, ou seja, desde que nós temos eleições democráticas que os
portugueses e os jovens portugueses querem saber cada vez menos das eleições e
da democracia.
[APLAUSOS]
Portanto, não se verifica absolutamente nenhuma
correlação estatística com o crescimento económico. E, a meu ver, podemos
concluir a partir disto, julgo que toda a gente concorda que não existe nenhuma
relação com a crise económica. O desinteresse deve-se a uma genuína e
justificada indiferença dos portugueses face à escassez de alternativas
políticas reais, não só ao nível do programa eleitoral, mas sobretudo, julgo
eu, ao nível do caráter dos líderes políticos.
Em segundo lugar, e passando agora para as soluções que
vocês apresentaram, duas delas, para mim, criaram alguns problemas. Em primeiro
lugar a ideia das aulas políticas na escola, parece-me uma ideia muito
perigosa, sobretudo porque é muito difícil garantirmos a imparcialidade dos
professores, a imparcialidade dos indivíduos que vão dar essas aulas. Como é
que nós garantimos isso? Que as aulas são verdadeiramente dadas para formar os
alunos politicamente e não para os doutrinar, e não para os formatar dentro de
um conjunto de ideias do professor responsável por esse curso.
Eu gostaria também de referir a questão das quotas
mínimas para os jovens…
[Carlos Coelho: 30 segundos]
As quotas mínimas para os jovens não é, nada mais, nada
menos, do que discriminação. E qualquer forma de discriminação, a meu ver, deve
ser evitada. Os detentores de cargos políticos, e de quanto mais relevância
forem os cargos, mais importante isto é, a meu ver, os detentores de cargos
políticos e públicos devem ser os indivíduos melhor qualificados para o
exercício dessas funções, independentemente da idade, da raça, do género e de todos
os outros fatores. E, portanto, discriminar, mesmo que positivamente, a meu ver,
está errado.
Concluo desta forma a minha prestação. Obrigado.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado. O Nuno atacou, o Nuno vai defender, mas
agora é o Nuno Filipe Oliveira.
Nuno Filipe Oliveira
Obrigado. Queria começar pelo que disse do
desconhecimento estatístico ou da interpretação da estatística. O que nós vimos
nos dois estudos, um de 2008 e um de 2014, salvo erro, é que neste período
houve um acentuar do desinteresse dos jovens. Que você não queira ver que tem a
ver com a crise económica é uma coisa; agora que nos chame ignorantes é outra.
[APLAUSOS]
Quanto às instituições. As instituições já existiam antes
de 2007 e entre 2007 e 2014 continuaram a ser as mesmas. Portanto, essa também
é uma falsa questão.
Quanto às medidas… Eu gostei de ouvir, e aposto que as
mulheres aqui presentes também gostaram de ouvir o que disse quanto às quotas
para as mulheres, pois esse foi o argumento usado contra quando estas quotas
foram exatamente utilizadas para trazer as mulheres à política. Ora, eu acho
que toda a gente consegue ver que, e até mesmo você, com todo o preconceito que
tem quanto ao nosso trabalho, a presença das mulheres é indubitavelmente maior
agora do que antigamente.
Queria também dizer que fomos acusados de as nossas
medidas não serem suficientemente concretas. Ora, nós não especificamos a quota
porque seria uma discussão ainda mais demagoga do que a que o colega está a
tentar fazer.
[APLAUSOS]
[Carlos Coelho: 30 segundos]
Muito obrigado. 30 segundos são suficientes para dizer
que acima de qualquer ideia pré-concebida, nós temos é que trazer os jovens à
política, temos que aproximar os candidatos dos jovens e acho que as nossas
ideias, é evidente que não tão concretas como deveriam ser, acho que vão ao
encontro disto.
Muito obrigado.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Muito bem, passamos para o Grupo Laranja. Podem trazer as
vossas peças de puzzle.
E tem a palavra o José Paulo Miller.
José Paulo Miler
Boa tarde a todos. O Grupo Laranja preocupa-se com os
jovens deste país e o desfasamento entre estes e a política. Partindo deste
pressuposto, a Presidência da República encomendou dois estudos cujas
conclusões merecem a nossa reflexão. Nesse contexto, abordaremos possíveis
causas que levam ao divórcio entre os jovens e a política e estamos disponíveis
para propor medidas minimizadoras deste verdadeiro flagelo sociopolítico.
Os jovens estão desiludidos, desacreditados e desanimados
com a política. Mas como é que se chegou a este ponto? Primordialmente,
salientamos a elevada taxa de desemprego que assola a nossa juventude e que
acaba por levar à culpabilização da política e dos seus agentes. A dificuldade
em encontrar o primeiro emprego deixa o jovem deprimido e sem perspetiva de
estabilidade, o que agudiza a mencionada culpabilização.
Tudo isto se complica quando, na tentativa de vislumbrar
um futuro melhor para as suas vidas, os jovens se vêm confrontados com a
retórica habitual dos agentes políticos, dificultando com isso a tarefa de
compreensão da sua linguagem, o que leva igualmente ao seu afastamento e
descrença. Pensamos em Jorge Jesus como solução, mas talvez não seja a medida
mais apropriada.
Finalmente, consideramos que, por não existir empatia e
proximidade entre jovem eleitor e agente político, tal faz com que deixem de
confiar na eficácia do poder político. Como solucionar então estes problemas e
resolver este divórcio? Costuma-se dizer que entre marido e mulher não se mete a
colher. Porém, decidimos arriscar e, como terapeutas, procuramos soluções de
modo a que seja concedida uma segunda oportunidade para esta bela relação.
No sentido de incrementar a confiança nos agentes
políticos e personalizar a escolha do eleitorado jovem, pensamos na
implementação dos círculos uninominais para que se vote em quem se confia e se
conhece e se promova um contacto mais próximo com o seu eleito. Por seu turno,
a fim de se evitar, ou pelo menos atenuar a elevada taxa de desemprego, deverá
apostar-se em políticas ativas de emprego de âmbito nacional, regional e,
essencialmente, local, através das autarquias, que proporcionem estabilidade
aos jovens, tomando como exemplo o Programa Portugal 2020.
Por outro lado, apostar em novos mecanismos de democracia
direta e indireta, e na criação de plataformas interativas on-line através das
quais poder-se-á rentabilizar o conhecido e generalizado interesse da juventude
pelas novas tecnologias.
Como jovens preocupados, e em honra da cor do nosso
grupo, propomos igualmente a criação de cartazes alusivos ao sucesso de jovens
profissionais como medida para a campanha eleitoral.
Obrigado.
Dep.Carlos Coelho
Para atacar, tem a palavra a Rita Honório Vitorino, do
Grupo Encarnado.
Rita Honório Vitorino
Boa tarde. Antes de mais, obrigada pelo programa que nos
apresentaram que é sintético e um pouco confuso.
Quem é que é a Equipa Laranja para fazer estudos à pressa
com base no "diz que disse” e que leva a crer que podem relacionar os jovens
desempregados e o seu desinteresse político, sem números ou percentagens? Isto
é absolutamente infundado e não se encontra nos estudos que nos deram para
fundamentar o nosso trabalho.
Depois dizem-nos que os jovens, por razões óbvias,
encontram-se ainda no percurso educacional porque põem a sua carreira à frente
da vida política. Razões óbvias? Será que são assim tão óbvias?
Depois, dizem que aqueles que se encontram já no mercado
de trabalho, devido à instabilidade do primeiro emprego ganharam aversão à
classe política. Quer dizer: se não têm emprego é porque não têm; e se têm é
porque têm?
A Equipa Encarnada crê que esse desemprego e
instabilidade funcionam como ferramentas motivacionais para se interessarem e
incluírem na política do país.
Dizem que é do senso comum que a política é algo
extremamente aborrecido e complicado. Senso comum? Quem é que vos disse isso? A
tia ou foi a prima?
Depois, porque é que acham que essa capacidade diminuiu?
Reveem-se? É que estudos relativos ao exame nacional de português de 2015
comprovam precisamente o contrário.
[Carlos Coelho: 30 minutos]
Salienta-se nas estatísticas que o interesse dos jovens
aumentou ao nível local em detrimento do nível nacional, europeu e
internacional. Claro que aumentou ao nível local. É o poder local que lhes
oferece os campos de futebol, os jardins e as tasquinhas. Agora, não se
contrariem porque acabaram de provar que o interesse aumentou. Não me venham
outra vez com descréditos e esses sinónimos que têm utilizado para disfarçar o
facto de serem repetitivos.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado. Tem a palavra para defender o Filipe
Miguel Reis, do Grupo Laranja.
Filipe Miguel Reis
Para começar gostávamos de agradecer por, naquilo que
falaram, não terem sido como vários grupos que tiveram um ataque mais vago; o
vosso foi bastante concreto.
Gostaríamos de começar por falar em que, como disse, o
nosso trabalho foi confuso.
Peço imensa desculpa…
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Filipe, como você vê, este é um grupo solidário. Você tem
o tempo que precisar para fazer a sua defesa.
[Vozes em coro: JSD, JSD, JSD…]
Duarte Marques
Ó Filipe, agora não te sintas condicionado e não batas
neles. Podes bater à vontade.
Filipe Miguel Reis
Queria pedir imensa desculpa. De facto, não me estou a
sentir preparado.
Quando falou em não haver números, de facto, nós não
baseámos aquilo em números, nós fizemos apenas um salto lógico, em como provavelmente…
Peço imensa desculpa, mas estou muito nervoso, não estou
a conseguir responder.
Dep.Carlos Coelho
Filipe, não é obrigado a responder.
Interveniente Não
Identificado
Pessoal, é normal estar com medo. Também com aquelas
questões, também eu ficava com medo. Mas o Jesus foi para o Sporting e o
encarnado já não assusta, muito obrigado.
Obrigadíssima. Eu pensava que ia explicar as questões,
mas não é necessário?
Mas o Filipe é um grande rapaz.
Dep.Carlos Coelho
Vamos para o último grupo. É o Grupo Castanho. Tragam as
vossas peças de puzzle. E dou a palavra à Iva Carla Meireles e à Beatriz
Almeida.
Iva Carla Meireles
Muito boa tarde a todos. Como todos sabem, os jovens
hoje, cada vez mais, se têm afastado da política. Então nós vamos apresentar
três razões, que achamos óbvias, para isto estar a acontecer.
A nossa primeira é carência de formação cívica. A sociedade
demonstra incapacidade em transmitir, desde os primeiros anos de escolaridade,
os valores necessários para uma cidadania ativa.
Em segundo, descontentamento perante a diminuta
representatividade jovem. Os jovens, na sua maioria, não se revêm nos órgãos de
soberania. Existe a perceção de que as suas gerações não se encontram
representadas.
Segundo os dados da Pordata, na população eleitoral só
estamos representados em 15%.
Como terceiro ponto, influência negativa gerada pela
sociedade. Fruto de reincidentes períodos de descredibilização das instituições
de soberania, seja pelos recorrentes incidentes de corrupção, pelos desequilíbrios
das finanças públicas ou pela imposição de medidas de austeridade, a sociedade
vive momentos de desmotivação, que verificamos em grande escala nos jovens.
Esta instabilidade é transmitida aos jovens que verificam
uma incapacidade para, pela sua ação, provocar uma mudança.
Beatriz Almeida
Diagnosticado então o problema, urge a necessidade de
promover um conjunto de medidas para realizarmos o seu combate.
O primeiro é a formação cívica. Como? Através da
introdução de uma componente de formação cívica ao longo de todo o período de
ensino obrigatório. Isto pode ser feito através de duas maneiras.
A primeira é através da criação de uma disciplina –
Formação Cívica – que preze pelo exercício de cidadania. Outra forma, e para
não comprometer a carga escolar, é através de introdução de conteúdos
relacionados com o mesmo tema em disciplinas como Geografia ou História.
O segundo ponto é a promoção de uma eficaz representatividade
jovem, ou seja, nós estudamos, o Grupo Castanho estudou a possibilidade da
introdução de um sistema de quotas para a participação de jovens em todos os
órgãos de soberania.
Isto iria funcionar da seguinte forma: quantos mais
jovens a região tivesse, mais jovens seria necessário pôr nos órgãos de poder
para representar estes jovens. Desta forma iria aumentar a confiança dos mesmos
e estes conseguiriam atuar de uma forma mais correta e adequada.
O terceiro ponto é a abordagem pela positiva das
políticas e a sua comunicação. Ou seja, nós consideramos essencial a promoção de
uma comunicação interativa e próxima dos jovens, dos cidadãos, com recuso às
tecnologias e plataformas de comunicação utilizadas pelos jovens, tais como as
redes sociais. Já que quase todos os jovens pertencem e participam nas redes
sociais, iriam de certa forma ter uma participação muito mais ativa na
atividade política e cidadania.
Esta iniciativa deve ser acompanhada pelo incentivo à
comunicação positiva por parte dos órgãos de comunicação social, elevando assim
a discussão política à construção, ao invés da destruição.
Vamos agora passar a apresentar um conjunto de medidas
para a promoção da participação de jovens na campanha eleitoral. Passo agora a
voz à minha colega.
Iva Carla Meireles
Como primeiro ponto, primeira medida que o nosso grupo
achou que seria o ideal para resolver esta situação é a realização de sessões
de esclarecimento temáticas.
A direção de campanha deve incentivar as estruturas
distritais e concelhias a promoverem reuniões de esclarecimento temáticas entre
os candidatos e os jovens. Os candidatos presentes devem ser figuras do partido
com projeção nacional e os cabeças de lista de cada círculo eleitoral.
Estas sessões devem consistir em círculos de
esclarecimento informal com respostas a questões dos jovens.
Beatriz Almeida
E por fim, e não menos importante, consideramos que uma
das medidas essenciais são os vídeos de curta duração. Ou seja, iriamos
realizar vídeos de apelo ao voto e promoção das propostas da coligação para a disseminação
nas redes sociais.
Isto iria funcionar desta maneira: iriamos colocar nos
vídeos os jovens pertencentes à JSD, bem como os jovens reconhecidos nas
regiões. Desta maneira iriamos estar a atrair os jovens para a política de modo
a que eles tenham, desta forma, mais confiança e se tornem mais participativos
na atividade política.
Muito obrigada.
Dep.Carlos Coelho
Muito obrigado. Para atacar tem a palavra a Mafalda
Moutinho do Grupo Cinzento.
Mafalda Gonçalves Moutinho
Caros colegas Castanhos.
Concordo com o diagnóstico que fizeram relativamente às
causas que levam a que os jovens se afastem da sua participação cívica e
política, no entanto, as soluções que apresentam para este desafio lembram-me
um poço sem água.
Ainda assim, há aspetos a salientar. O vosso primeiro
ponto corresponde à grande bandeira atual da JSD. Penso que este exercício
pressupõe que sejamos inovadores, criativos. No fundo, que encontremos várias
soluções para conseguirmos, com várias medidas, ser bem-sucedidos na resolução
deste difícil problema.
Outra suposta solução que apresentam é a criação de
quotas. Quotas que, ao longo da história, são tão criticadas por exercer uma
obrigatoriedade em democracias que, cada vez mais, necessitam dar provas de
igualdade e liberdade. Os lugares neste país devem ser ocupados por mérito e
não por quotas.
Quanto a medidas eficazes para a campanha eleitoral devo
dizer-vos que fiquei bastante curiosa relativamente a alguns pontos. Propõem a
realização de sessões temáticas. Fiquei sem entender de que forma pensam chegar
aos jovens. Aquilo que pretendemos com este elevado debate é encontrar formas
eficazes de chegarmos aos jovens, captando-os para exercerem a sua cidadania.
Caros colegas, não podemos esperar que nos caiam do céu
em sessões temáticas e, muito menos, devemos pretender levar até eles as
grandes figuras partidárias com projeção nacional. Hoje, até em cartazes
eleitorais evita-se utilizar a imagem dos líderes porque sabemos que as pessoas
estão cansadas destas mesmas imagens.
Tentem sempre falar com os jovens através daqueles que
falam a sua mesma linguagem: todos nós, dento desta mesma sala.
[Carlos Coelho: 30 segundos]
De jovens para jovens, só assim será possível elevar o
debate político e cívico de geração após geração. Para paternalismo já lhes
bastará os professores, nas escolas, bem como as figuras parentais.
Ainda assim, fiquei com a esperança de, na vossa terceira
proposta, encontrar a medida que levará a massa jovem às urnas. No entanto, o
Grupo Castanho não apresenta uma terceira medida.
Caros colegas, o segredo para chegar aos jovens até é
simples: temos de estar onde eles estão e falar a mesma língua que os mesmos.
Dep.Carlos Coelho
Muito bem, muito obrigado. Para defender o Grupo
Castanho, tem a palavra o Rui Manuel Martins.
Rui Manuel Martins
Sua Exa. Azul, é com agrado que recebo a sua opinião.
Fico feliz por ter concordado com o nosso diagnóstico. Ainda assim, fico também
desagradado com o seu comentário, da seguinte forma.
Sua Exa. acaba por dizer que não consegue perceber porque
é que a representatividade dos jovens e o nosso incentivo à representatividade
dos jovens através da quota, seria uma medida de excelência a adotar. Fico com
a dúvida se tem receio de adotar essa medida, de promover essa medida pelo
facto de não se sentir capaz de representar os jovens, sendo uma jovem, ou se,
por outro lado, sente a sua posição ameaçada com a maior participação dos
jovens.
[APLAUSOS]
Deixe-me que lhe diga ainda que, quando diz que não
consegue perceber como é que funcionariam os círculos informais, como é que os
jovens se chegariam aos próprios círculos, fico então esclarecido quanto à sua
capacidade de mobilização dos jovens, e consigo perceber que quando diz que os
jovens devem falar para os seus pares, Sua Exa. não consegue falar com os seus
pares porque não consegue perceber como é que os traria às reuniões organizadas
no seu círculo.
[APLAUSOS]
Nós queremos salientar que, para nós, é importante que os
jovens assumam as suas responsabilidades, e os jovens são capazes de definir
aquilo que são as suas prioridades. São os jovens que, na política, conseguem
perceber aquilo os jovens que estão na sociedade sentem e quais são as suas
dificuldades. São os jovens que conseguem perceber quais serão os seus
problemas no médio e longo prazo. São os jovens que hoje conseguem perceber
quais serão as suas dificuldades no futuro.
A representatividade jovem deve ser uma bandeira da JSD e
deve ser uma bandeira de Sua Exa. Azul, também.
Muito obrigado.
Dep.Carlos Coelho
Muito bem. Assistimos à apresentação do trabalho dos dez
grupos, aos ataques e às defesas. Antes de dar a palavra a quem vai comentar os
trabalhos, que vai ser o Simão Ribeiro, Presidente da JSD, e o Duarte Marques,
Diretor Adjunto da UV, três notas breves que não têm a ver com os trabalhos –
gostava de dizer muita coisa sobre os trabalhos mas não me cabe a mim fazer
esse comentário.
Primeiro: numa sessão plenária, num debate formal, o
tempo é o bem mais escasso. Portanto, vocês têm de aproveitar o tempo da melhor
maneira. O exercício que alguns tiveram de fazer pela primeira vez, ter que, de
improviso, reagir a uma apresentação no prazo de dois minutos – sei que não é
fácil, até porque em Portugal há a tradição de falar muito mais. Mas é tentar
limitar aos dois minutos as mensagens políticas fundamentais.
Isto vale para os dois lados. Isto é, vocês não devem
exceder o tempo que têm – de uma forma geral todos cumpriram -, mas também não
devem desperdiçar esse recurso que possuem.
Houve três pessoas, que foram o José Manuel Ribeiro, do
Grupo Azul, que falou 3 minutos e 40 segundos, quando podia falar 5. O José
Paulo Miller, do Grupo Laranja, podia falar 5 minutos, falou 2 minutos e 30,
portanto desperdiçou metade. E o João Silva, no ataque do Grupo Rosa, que tinha
2 minutos e falou 40 segundos.
A menos que estas mensagens tenham sido genialmente
eficazes, e portanto bastava falar 40 segundos porque toda a mensagem estava
lá, o que significa é que se desperdiçou mais de metade do tempo que se tinha
para falar. Portanto, olhem para o tempo como um recuso escasso que vocês têm
de aproveitar da melhor maneira.
Segunda coisa, alguns oradores, não foram muitos, foram
três, não vale a pena estar a citá-los, falaram depressa de mais. E ao falar
depressa demais isso prejudica a inteligibilidade e a eficácia do discurso. Eu,
aliás, tinha falado sobre isso no Falar Claro. Eu percebo que quando temos
pouco tempo e temos muitas mensagens, a nossa tentação humana é acelerar para
dizer tudo o que temos na cabeça. Mas essa não é a atitude mais inteligente sob
o ponto de vista da comunicação. Temos que selecionar aquilo que é
verdadeiramente importante e deixar cair aquilo que não é.
Terceira coisa. Nesta apresentação havia, na prática,
três componentes. Havia a componente da vossa intervenção oral. Havia a componente
do vosso documento escrito, que nuns casos está melhor noutros está pior. E
havia a componente de outros meios de apresentação complementares. Quem fez um
excelente PowerPoint, foi o caso, por exemplo, do Grupo Encarnado, teve mais
vantagem em passar a sua mensagem.
E feitas estas
considerações gerais, passo a palavra ao Simão Ribeiro.
Simão Ribeiro
Muito obrigado, Carlos.
Eu preciso apenas de duas ou três considerações antes de
começar aqui uma longa dissertação sobre as vossas apresentações, os vossos
ataques e as vossas defesas, sendo que seria naturalmente mais fácil sempre se
este tipo de comentários fossem feitos logo após as vossas intervenções do que
com este hiato temporal.
Dizer-vos também que eu espero que depois das
considerações que eu aqui farei, absolutamente genuínas e sinceras, que
entendam que eu as faço no sentido de vocês melhorarem e que não saia daqui com
80 inimigos ou 80 pessoas que não gostem de mim daqui a pouco.
Outra coisa que eu farei também será, aqui ou ali,
comentar por vezes a forma, mas tentarei ir de forma muito sucinta em cada
grupo ao conteúdo e falar o menos possível da forma, com algum reparo ou outro,
e tentar não me alongar muito que é para não ser exaustivo, de forma a que
vocês compreendam exatamente aquilo a que eu quero chegar.
Portanto, de forma muito sintética. Eu achei a
apresentação, começando aqui pelo Grupo Roxo, foi… em termos de forma eu acho
que está muito boa, porque foi absolutamente pragmática, vai direta às
questões. A própria forma como o trabalho está elaborado, na minha opinião, e
como eu acabei de dizer ontem, aqui numa graçola, numa piadola, às vezes nem
sempre o hábito faz o monge, e muitas vezes falar muito para pouco dizer,
recomenda-se que não seja aplicável.
E o Grupo Roxo faz aqui três vértices de diagnóstico,
aponta três soluções e aponta três medidas de campanha.
Ora vamos lá ao conteúdo. Em relação à questão do
diagnóstico, eu julgo que nas duas segundas razões que apontam, em termos de
diagnóstico, estamos totalmente de acordo. Em relação à primeira, não estaremos
assim tanto, porque considero eu que os jovens não se encontram menos expostos
aos meios de comunicação social. De tal forma que a seguir, o Grupo Bege, no
seu ataque, desmonta completamente este argumento, destrói completamente este
argumento de forma brilhante, e diz que os jovens não estão com falta de
exposição à informação, estão é com falta de filtro. Coisa que, em termos de
conteúdo, eu concordo em absoluto com o Grupo Bege.
Neste ataque eu julgo que o Grupo Bege peca por um
excesso de pessimismo face à solução. Ou seja, aqui o Grupo Bege diz, de uma
forma absolutamente perentória, que uma figura de reconhecido mérito do
desporto como o Cristiano Ronaldo, uma figura pública, era incapaz de estar
disponível para uma campanha de sensibilização ao voto.
Reparem que é uma campanha de sensibilizarão ao voto,
algo de desígnio nacional, não estaria aqui relacionado com partido político
nenhum.
Eu vejo algumas cabeças a dizerem que não, mas aqui a
apreensão ou aquilo que eu entendi do lado de cá foi precisamente isso.
Portanto, ainda que possa estar enganado naquilo que vocês disseram, a forma
como comunicaram está no mínimo errada, porque aquilo que eu percebi do lado de
cá foi exatamente essa. A forma como foi colocada a pressão em cima de uma
figura mediática que se rejeitaria a este papel, acho que não foi a mais
inteligente na forma como foi feita.
Mas voltando aqui às medidas do Grupo Roxo, a questão,
naquilo que diz respeito ao combate ao afastamento jovem, fala aqui na
introdução de um plano anual de atividades dos agrupamentos de escolas de
iniciativas que fomentem a aproximação dos alunos ao poder local bem como de
uma disciplina de formação cívica para os jovens portugueses.
Este tipo de programas já existem há muito tempo. A
disciplina é outra coisa distinta e vocês juntam aqui no mesmo bloco. Os
programas já existem há muito tempo e dependendo da sensibilidade própria de
cada professor, em cada escola, e da própria articulação que eles fazem com
cada município, isto em alguns lados resulta, noutros não serve para nada.
E acho que é errado colocar no mesmo patamar este tipo de
iniciativa com a iniciativa de disciplina de Formação Cívica. E daqui parto
também já para uma outra consideração.
Houve aqui, sob o ponto de vista generalizado, uma
confusão enorme pela maior parte dos grupos entre uma visão doutrinal, porque
se trata mesmo de uma visão doutrinal relativamente a este problema.
Eu acho que, e aqui estamos todos de acordo, a formação
cívica deve ser um pilar essencial desde base para combater o afastamento dos
jovens da política – estamos todos de acordo.
Mas há aqui uma divergência sobre dois pontos de vista.
Há quem defenda uma transversalidade, que é aquilo que a JSD e eu defendi – não
quer dizer que tenha a razão absoluta, apenas estou a salientar a confusão
dogmática que aqui foi posta. Uma transversalidade até ao 9.º ano, não
contribuindo para a obesidade curricular e dentro dos programas curriculares
que já existem em cada disciplina, potenciar conteúdos que realcem mais as
capacidades para a educação cívica. E depois, obviamente, serem submetidos a
uma avaliação especial no final do ano letivo, nomeadamente, por exemplo, na
disciplina de História, na disciplina de Geografia, e por aí adiante, entre
muitas outras, em Português…
E há aqueles que defendem a existência de uma disciplina
de Formação Cívica, pura e dura, que vimos que no passado não resultava nem
funcionava. O que é que acontecia? No passado existia uma disciplina cujos
conteúdos programáticos não foram definidos e que os professores utilizavam
para tudo menos para formação cívica. E depois levantava-se um outro problema:
que professores é que estariam disponíveis a dar essa formação cívica e que
formação é que davam a esses mesmos professores, se é que me entendem. Daí esta
confusão dogmática que aqui muitas vezes foi feita pela maior parte de vocês.
Em todo o caso, vocês falaram no orçamento participativo
jovem a nível nacional. Eu acho que a nível local funciona muito bem porque há
uma identificação natural com as questões locais. Acho que a nível nacional,
desculpem a frontalidade, seria um disparate. Ingerível.
"Incremento de políticas no combate ao desemprego,
nomeadamente o reforço do incentivo concedido às empresas…” meus amigos, isso
já existe, não foi inovador. É a minha opinião.
Medidas de campanha. Usar os canais on-line, youtube,
apesar de ser não muito inovador, mas na forma como vocês apesentam eu
considero que é. Na ótica da pergunta/resposta curta acho aqui muito bem.
E depois "inclusão de jovens na campanha eleitoral como
secretário do partido por um dia…”, é giro de contar mas é completamente
inexequível.
Grupo Verde. Eu acho que o Grupo Verde na sua
apresentação pensa bem quando diz que o afastamento da política é um
afastamento em termos gerais da sociedade, com uma incidência mais ou menos especial
na juventude portuguesa, mas depois faz aqui uma crítica à inércia das
organizações representativas da juventude, dos meios associativos, das
juventudes partidárias e todos os elementos que compõem movimentos jovens,
sejam eles de índole partidário ou não. Não tenho muito a dizer. Em alguns
casos concordo, noutros não.
Acho que é perigoso essa generalização e acho que se
fizessem esse cometário lá fora seria motivo para uma revolução ou para uma
guerra civil, porque teriam todas as associações e todos os movimentos juvenis,
enfiassem ou não a carapuça, contra vocês. Acho que é exagerado. E acho também
que não me agrada de forma alguma ver dirigentes da JSD dizerem que uma
estrutura como a JSD é inerte. Não me serviu a carapuça, não é isso que eu quero
dizer. O que eu quero dizer é que quando nós representamos uma estrutura e
dizemos que ela é inerte, então nós somos incompetentes, todos nós.
Dizermos que uma organização jovem não está a agir, eu
estou a dizer que eu próprio não estou a agir. Então vamos procurar lá a
solução. E quais são as soluções que vocês a seguir concretizam? Tudo, menos
aquelas causas que elencaram. Não deram nenhuma solução a nível da reinvenção
da JSD e das outras estruturas de juventude. Falam antes no sistema educativo
que deve servir e começar de base, com sentido crítico muito forte, e eu aqui
concordo com vocês.
E depois cometem aqui outro exagero: fundamentam esta
alteração ao modelo educativo com base num chavão que aqui utilizaram que é,
passo a citar: "os jovens não são vistos como iguais numa sociedade que não os
deixa ser vistos como iguais”. Coisa que eu concordo em parte, mas não encontro
é aqui um fio condutor de conexão entre as causas que vocês enunciaram.
Relativamente às medidas que propõem, eu apontei aqui de
lado, e não me levem a mal: isto é politiquês.
Implementação de ações no âmbito da educação para a saúde
e cidadania em contexto escolar: "muito bem”.
Envolvimento da comunidade em movimentos associativos
ligados aos jovens com enfoque nos apoios às organizações civis: "como?”, pus
eu à frente.
Mobilização de jovens para a autorrealização: pus eu à
frente "como?”.
Envolver os jovens na sociedade tomando consciência do
seu papel: "como?”, pergunto eu.
Definir as áreas específicas a intervir: ”quais?”.
Portanto, um documento destes é falar socratês e politiquês, desculpem-me a
frontalidade.
Em relação ao ataque do Grupo Rosa, tanto que eu tinha
apontado isto aqui, como podem ver, antes, quando vocês estavam a fazer a
apresentação, o Grupo Rosa foi absolutamente letal e pegou nisto e destruiu-vos
por completo. A primeira pergunta que eu apontei aqui que o grupo Rosa fez foi:
"como?”. Precisamente, expliquem lá. E acho que foi absolutamente genial na
forma como o fez.
A questão da defesa, eu acho que o Nuno tentou fugir
absolutamente ao tema. O Nuno disse: "isto não é só uma questão do afastamento
dos jovens da política, é uma questão de cidadania” e eu estava a olhar para o
ecrã à minha que dizia: Trabalho de Grupos: Afastamento dos Jovens Portugueses
da Vida Política. Ó pá, não dá! Não pode ser. A arte do político saber fugir a
uma questão de conteúdo é engraçada, dá jeito, mas com 2, 4, 5 ecrãs na sala,
ou 6, que tem um título definido, um orador no púlpito dizer que o tema não era
esse, é absolutamente destruidor e no momento de defesa de um argumentário
político retira-vos completamente a credibilidade. Ou então, explicavas que, no
entendimento político do vosso grupo, … era redutor avaliar a política neste
sentido tão estrito e que portanto estavam eles a ser redutores. Se utilizasses
esse argumento, julgo que terias a razão do teu lado e acho que conseguias
esquivar-te. Da forma como puseste, na opinião pública, julgo eu, que te
destruía por completo.
A questão dos Encarnados, eu não me quero alongar muito…
a "ceticidade” foi fatal, desculpem a frontalidade.
Falam aqui, também, no diagnóstico, quer dizer… não tenho
muito mais a acrescentar, acho que foi bem explanado. Acho que apresentam mais
uma vez medidas, e começam logo na primeira, de uma forma muito vazia. Eu vou
tentar citar isto de forma muito rápida para perceberem: "podem” - medidas a
apresentar - "podem sugerir medidas como introdução de medidas para a promoção
e libertação de provas concretas com o intuito…” Eu espremo isto e acho que diz
muito pouco. E acho que entre nós, em linguagem política, há quem entenda. O
Duarte Marques disse-me logo "ó pá, tem aqui um fundo [desculpa se estou a ser
indelicado] de que os políticos têm que dar mais provas”, mas isto é linguagem
ultra técnica política, ou linguagem de politiques, que um jovem lá fora na rua
não ia entender.
O Ruben, eu tinha aqui posto que entra com um bom sound bite e com um discurso giro da
memória, do interesse dos jovens na política, e consegue aqui abalar toda a
argumentária que o grupo que apresentou teria.
Em relação ao vosso documento, eu tenho aqui outra coisa
que eu acho absolutamente destrutivo, que é: vocês, nas medidas que apresentam
para a campanha, apresentam "introdução à política não pode ser feita em idades
que não permitam acompanhar atempadamente”, e propõem a formação cívica ou a
disciplina de Formação Cívica como uma medida de campanha. Não é em campanha
que vamos alterar o contacto dos jovens com a política com formação. Isto é a
mesma coisa que vocês levarem soldados para o Afeganistão, para a guerra, e
tentarem fazer tiro ao alvo para treinar e para praticar enquanto a guerra está
a decorrer.
Isto devia estar no capítulo das medidas a adotar para
futuro. Não é uma medida de campanha implementar… quer dizer, durante a
campanha vamos andar aí a dar formação. Acho que está deslocado em termos de
argumantário.
Aqui o Fernando Melo foi direitinho a estas feridas. Foi
aqui à reformulação da disciplina de Formação Cívica e acho que conseguiu
colocar a dúvida de que tipo de modelo é que vocês podiam defender ou não e
salientou aqui muito bem o papel das associações e do ataque que vocês fizeram
às associações e aos jovens que participam nessas mesmas associações.
Aqui o Grupo Cinzento; o Pedro Marcelino, ó pá, tu és um
orador do caraças, desculpa que te diga. Onde é que tu estás? Entrou com um tom
coloquial, semi stand-up, com uma forma de comunicação brutal, e desculpem-se
se posso ser aqui parcial, acho que este trabalho de grupo está dos melhores
trabalhos que foram aqui apresentados.
[APLAUSOS]
Focaram-se absolutamente no essencial. O diagnóstico está
com base num estudo real, e nota-se, denota aqui preparação, denota que foram
ler o estudo da Presidência da República e que extraíram aqui aquilo que
constava lá como mais importante do diagnóstico. A questão do minuto jovem como
uma possível estratégia, eu ao início achei que vem mais aqui uma coisa "à
Carlos Coelho”, um minuto europeu, é giro mas não é inovador. Mas a forma como
explicaste fez-me mudar de ideias. Só discordo aqui do dia da cidadania jovem,
porque como já há um dia da juventude, deveriam era incidir o foco em
reformular o dia da juventude e não tanto criar mais um dia da cidadania jovem;
acho que um é exagero.
Esta de conceder aos elementos da juventude partidária:
eu gostava muito disso, expliquem-me como.
A defesa. Vamos lá ver… aqui o ataque discorda do dia da
cidadania jovem. Lá está, acabei de fazer o mesmo.
Vem aqui com a história das newsletters não serem
eficazes. Eu também acho que é mais do mesmo. Aqui estamos de acordo.
E depois eu acho que exagera na forma como ataca a
questão da Mariana Mortágua. Seria brilhante se não tivesse dito: "ela é do
Bloco de Esquerda”. Se cortassem esta parte e dissessem o resto, na ótica de
"pois, ela pode utilizar um tipo de discurso mais irresponsável porque não faz
parte de um partido do arco da governabilidade e, portanto, para ela é muito
mais fácil adotar aquele tipo de discurso do que qualquer um de nós”, isso
seria brilhante.
Equipa Bege. Eu na Equipa Bege acho que aquilo que
recomendam não é, de forma alguma, comprometedor, mas também não traz nada de
inovador. Ou seja, com toda a franqueza, não aquece muito nem arrefece. Voltam
a fazer aqui a questão da confusão de uma disciplina de cariz político e na apresentação
falaram em transversalidade e depois outra disciplina e, mais uma vez, houve
aqui o baralhar destes dois conceitos e depois julgo aqui que, no ataque, a Ana
Vieira, com toda a frontalidade, eu não consegui perceber muito o que ela
disse, portanto, não vou fazer aqui nenhum comentário porque não foi percetível
e audível aquilo que foi dizendo e na defesa, acho que a defesa foi
demasiadamente provocada num exercício de retórica, e não concretizou naquilo
que deveria ser a visão que esse grupo pretendia para futuro, ou melhor, em
termos de estratégia.
O Grupo Rosa; o trabalho do Grupo Rosa foi um trabalho
incompleto. Apesar de terem ali enumerado questões relativas à campanha, pelo
menos uma propostazinha, no vosso trabalho não constam medidas relativas à
campanha. Aqui escuso-me, para não perder tempo, de falar no diagnóstico, acho
que está mais ou menos razoável.
Agora, medidas como sunsets em todos os distritos, flyers nas universidades, vamos lá a ver, eu sou mais
favorável a que um agente da JSD lute por um regime de atribuição de bolsas
mais justo, do que andar a evangelizar à porta de uma universidade a fazer
campanha. OK?
E depois "soquetes”… sketchs… Problema de politiques… de
português.
Aqui referem-se, em primeiro lugar, à questão do sistema
político-partidário e acham que o problema está na falta de diálogo dos
políticos com as bases ou a falta que os cidadãos sentem de poderem dialogar
com os políticos. Eu acho que o problema não está aí. Eu acho que o jovem sente
– também está aí - mas o jovem sente sobretudo falta de poder de decisão. Sente
que, por mais que vote, por mais que se mobilize, não consegue mudar a forma
como os partidos se organizam e com o seu voto não conseguem efetivamente
escolher aqueles políticos que pretendem.
Depois, a questão da reforma do sistema político, a
questão da aproximação dos políticos à sociedade, achei tudo isto um bocadinho
com falta de concretização prática. E, como vos disse, relativamente aqui à
questão da campanha eleitoral foi bastante curto.
Esta questão do ataque do João Cruz e depois a questão da
defesa do João Matias, pareceu-me aqui, mais uma vez, um episódio do "Gato
Fedorento”. E eu vou citar. O João Cruz disse: valores com valores por causa
dos valores; pedras basilares com valores e os valores dos partidos com
valores. Isto parecia-me aquele episódio do Pinto da Costa, o médico, com a
avestruz. A cabeça, depois os valores, temos que baixar os valores, depois diz
uma asneira, depois continua…
E o João Matias responde: ligar os valores aos jovens e
trocar e transmitir esses valores dos partidos por causa de fomentar esses
mesmos valores. Temos que ter cuidado com isto. Vocês aqui no meio acabaram por
discutir coisa nenhuma e isto numa opinião pública seria absolutamente
ridicularizado, coisa que eu não estou a tentar fazer, como é evidente.
Grupo Azul. Eu acho que o José Manuel Ribeiro entrou de
forma muito bem, espalhou-se ao comprido a seguir. Acho que entrou muito bem
porque apanhou as fragilidades dos outros grupos, porque disse: este grupo,
aquele diz determinadas medidas mas não explica como. E ele pegou exatamente
nessa palavra: digam-me lá "como”. Mas depois introduz aqui determinado tipo de
medidas que eu considerei - e desculpem-me se vou exagerar – um bocadinho para-fascista.
Introduzir sistema de pontos com obrigatoriedade e não sei quantos, na minha
opinião é um exagero. Só falta meter um chip no pescoço como fazemos aos nossos
cãezinhos lá em casa. Não levem a mal as palavras que eu estou a dizer, é um
tom de brincadeira para quebrar o gelo.
A questão que eu acho aqui é somente esta, e aqui eu
tenho que dar um forte aplauso ao Grupo Azul, que é: teve a coragem que muitos
outros grupos não tiveram, que foi de inovar e serem verdadeiramente originais.
[APLAUSOS]
Foram inovadores e apresentaram coisas que os outros não
se lembraram. Apesar de eu discordar delas e de ter algumas razões, acho que o
fator inovador deve ser premiado.
O ataque da Patrícia foi fortíssimo, agarrou naquilo que
seria um ponto forte do Grupo Azul, que seria a falta de concretização dos
outros grupos anteriores que não tinham apresentado, e destruiu-o
completamente, porque fez dele simplista, porque deu argumentos constitucionais
e jurídicos. Mostrou grande preparação e desfez completamente o Grupo Azul.
Parabéns.
A questão da defesa do Nuno Ramos, pá, fizeste o que
podias, eu entendo, eu naquela situação também ficava encavacado, mas tentaste
responder a uma postura de rigor, ou pelo menos de aparente preparação do outro
grupo, com um desenrolar de sound bites que eu acho que não foram eficazes.
A apresentação do Grupo Amarelo, da Sofia. Em primeiro
lugar falar-vos da apresentação escrita. Vocês são estudantes universitários,
ou se não são, já foram… Eu acho que isto é uma salgueirada de tudo ao molho,
tive que andar aqui a separar com a caneta porque está tudo misturado,
compresso, e não precisamos de poupar ainda no papel, a Universidade de Verão
tem poucos recursos mas não é preciso racionalizar tanto.
Acho aqui, mais uma vez, que, de uma forma geral, o
diagnóstico está bem feito, está bem observado o estudo. Fazem aqui, mais uma
vez nas medidas, a confusão com… ou defendem a transversalidade da disciplina
ou defendem uma disciplina à parte, individual, e aqui novamente acho que é um
erro.
E depois vêm aqui com outra questão que outros já
fizeram, e eu depois escuso de me repetir, que é a questão das quotas em que eu
sou francamente contra. E aqui falo apenas de conteúdo, estou a dar-vos a minha
opinião pessoal. Já fui contra a introdução de quotas na questão da paridade.
Não que não reconheça o mérito que ela teve para trazer senhoras à política.
Hoje reconheço o mérito e acho que foi benéfico, mas em termos apenas teóricos
e por princípio, sou contra.
Ora, um novo passo, como rampa ensebada, para outras,
acho que é um perigo. Ou seja, introduzimos hoje quotas para jovens – eu acho
que é um insulto a jovens como nós, que devem-se afirmar pelo rigor e pelo
valor -, amanhã acho que iriam tentar impor quotas para grupos sociais, etnias,
orientações sexuais, é um perigo. Eu estou a exagerar, naturalmente, para
perceberem onde quero chegar. O que eu acho é que é um perigo. Transformávamos
a representatividade numa coisa exageradamente repartida.
Eu vou terminar fazendo en passant apenas um comentário aqui ao Grupo Laranja e outro ao
Grupo Castanho. Aqui, o Grupo Laranja, mais uma vez, o diagnóstico acho que
está correto. Na questão das soluções, mais uma vez, continuo a achar que são
vazias. E depois aponta o desemprego como um móbil para a descrença, o que eu
também concordo. Mas depois volta a pôr… ou seja, ele utiliza o desemprego como
um pretexto para a descrença na política e depois foge de soluções para
aproximar os jovens da política, e tenta dar soluções para combater o
desemprego jovem. Eu percebo a tentativa de encadeamento, mas no raciocínio que
aqui foi feito pareceu-me absolutamente caótico.
O ataque da Ana Vitório, acho que exageraste na dose de
ridicularização ao grupo anterior. Foi giro no início, acho que começaste a
passar as ideias muito bem, mas acho que exageraste na dose.
Acho que a defesa do Filipe Reis… ó Filipe, a primeira
vez mete sempre medo, dói sempre mais, isto acontece, acontece a todos, a
primeira vez que eu falei em público, a seguir fui para a casa de banho,
desmaiei e tive que beber água com açúcar, não te preocupes. Acontece aos
melhores, portanto, tranquilo.
[APLAUSOS]
O Duarte ficou entusiasmado com a ideia de que a primeira
vez doía sempre mais.
Soluções que o Grupo Castanho aqui apresenta. Mais uma
vez a dicotomia da disciplina versus formação transversal, as quotas, de que já
dei aqui a minha opinião, e a sensibilização da comunicação social para uma
postura positiva. Ó meus amigos, é muito giro, mas expliquem-me lá como. Vocês
tiveram a aula do Falar Claro, perceberam qual é o faro e a sensibilidade de um
jornalista que se move por aquilo que é o tema mais picante ou mais sexy para agarrar, se me conseguirem
ensinar, a mim ou tentar explicar a alguém, que consiga dizer ou pedir a um
jornalista que seja ou que faça jornalismo sempre pela positiva, estarão a
fazer uma coisa inédita, não só no nosso país, mas no mundo, julgo eu.
Espero, e peço desculpa ao Reitor por me ter alongado mais,
espero ter contribuído de alguma forma útil.
[APLAUSOS]
Duarte Marques
Boa tarde a todos. Eu vou falar daqui por duas razões.
Primeiro porque não tenho nenhuma fotografia aqui do púlpito e segundo porque
não consigo falar sentado.
Eu vou ser o polícia bom desta avaliação. Eu queria só
dizer o seguinte que é mais relevante: o Simão fez a análise grupo a grupo. Eu
concordo genericamente com o que ele disse. Temos umas divergências aqui ou
ali, mas acho que ele foi correto nas críticas que fez a cada grupo.
Dizer-vos o seguinte: vocês quando fazem um trabalho
destes têm que perceber qual é o objetivo do trabalho e estarem concentrados em
responder às questões e aos desafios que o trabalho vos pedem. Nem todos o
fizeram. Pensem bem nisso.
Outro ponto. O vosso documento que entregaram à
organização também não corresponde exatamente àquilo que é a apresentação. Por
exemplo, no Grupo Vermelho, entre a apresentação e o documento vai uma
distância enorme. E eu até sou dos que gostei do que vocês fizeram, do ponto de
vista dessas propostas.
Mas o nosso principal objetivo era que vocês percebessem
e analisassem o estudo e que tivessem a consciência de uma coisa que o Simão
tem, que eu tive - e também tenho ainda – e qualquer membro da Jota dos últimos
anos tem: é como inverter o ciclo de afastamento dos jovens da política. Isto é
quase como o problema da interioridade. Se não tentássemos tanto combater isso,
imaginem onde é que já íamos. Eu garanto-vos que é uma das principais
preocupações de qualquer presidente de uma estrutura de juventude é aproximar
os jovens da política. Eu acho que, com esta análise que vocês fizeram, todos
perceberam o diagnóstico, todos perceberam as razões e todos perceberam a
evolução que houve.
E esse era o grande objetivo do trabalho e, na minha
opinião, toda a gente que passou por aqui percebeu o que está em causa, olhou
para os dados, ou pelo menos cada grupo entendeu isso. E essa é a grande
mais-valia deste trabalho, foi para isso que vos desafiámos a fazer este
trabalho.
Depois tinha uma outra componente que era um desafio do
secretário-geral do partido para vocês poderem apresentar propostas para a
campanha eleitoral que pudessem ajudar o partido a combater este afastamento.
Vou dizer o seguinte: o Carlos Coelho estará contente com a análise que
fizeram, o secretário-geral do partido, se eu fosse secretário-geral, não
estaria muito animado porque eu acho que, nessa parte, vocês foram menos
felizes. E eu vou-me centrar aí.
Faltou-vos rasgo e criatividade. Poucas foram as
propostas inovadoras; algumas são praticamente impossíveis. Houve duas ou três,
as vossas, do Grupo Azul, eles tentaram fugir ao óbvio, mas nem sempre o que é
diferente é bom. Mas gostei dessa parte, desse rasgo.
Agora imaginem que o partido vos pedia, como qualquer um
de nós quer, na nossa estrutura concelhia, quem vai tratar dos jovens somos
nós. Vocês acham que, daquilo que propuseram, genuinamente, há alguma coisa
inovadora que funcionasse. Vocês todos dizem, de certeza, nas vossas
concelhias, que vocês é que percebem de juventude – e acho bem que seja assim.
Há alguma coisa realmente criativa que deslumbrasse
alguém ou que impressionasse alguém? Eu a coisa mais simples que vi e que podia
ter graça era o minuto jovem, como há o minuto verde. Isso não é original mas
fizeram bem em ir buscar uma coisa boa que funciona.
E houve aqui também algumas confusões de interpretação.
Eu acho que houve um grupo que falou do Cristiano Ronaldo. Eu fiquei com a ideia
que não era para o Ronaldo ir falar do PSD, era para ir apelar ao voto. Eu fiz
uma vez uma coisa em Bruxelas que juntei as lideranças europeias todas das
juventudes partidárias e fomos todos juntos a Bruxelas com o Barroso apelar à
participação nas Europeias. É óbvio que aquilo não passou em lado nenhum, mas
se tivesse lá ido um Ronaldo da vida, porque se for para isso se calhar até
participam porque querem ajudar o país, acredito. Agora, para um partido, nem
pensar. Ninguém vai passar a dar a sua cara por um partido.
Acho que houve aqui um sentimento generalizado, também,
de falar de proximidade, de autenticidade e também de mostrar o lado bom da
política, que foi o que vocês fizeram. Percebeu-se claramente que toda a gente
acha que mais formação cívica vai levar as pessoas a participar mais. Depende
do que for dado.
O que eu acho que é a chave deste combate do afastamento
dos jovens da política, o mais importante, não é as redes sociais, não é ir ao
encontro dos jovens onde eles estão. Se nós formos ao encontro de onde eles
estão, com a mesma mensagem de sempre, não vale a pena. Eles, por alguma razão,
deixaram de ver televisão.
Ou seja, há duas coisas que eu acho que nós temos que perceber:
é o que é que os preocupa, porque se nós lhes dermos o que os preocupa, eles
preocupam-se. E o mais importante de tudo: hoje em dia os jovens olham para a
política com duas pedras na mão. Porquê? Se algum já fez aqui a formação
sub-18, ou se andou por aí a fazer, percebe logo, quando se pergunta para que
serve a política, a primeira resposta é: para roubar, para dizer mal dos
outros. Tudo. O problema de base é: a imagem da política é má.
E, portanto, o que nós temos que mostrar é o outro lado.
E tentar explicar e demonstrar que a política é uma coisa boa. Por isso é que
eu gostei das vossas ideias, em parte, porque tentavam mostrar a parte boa da
política. E para mim a chave é: mostrar que a política é uma coisa que faz
falta e é necessária – façam como o Barroso, mostrem a alternativa, o que seria
o caos sem política. A política, e o sistema democrático, é o menos mau que
conhecemos para organizar a sociedade.
E segundo, perceber que, ao contrário do passado, as
pessoas não se aproximam de um partido por uma ideologia completa, na minha
opinião. Muitos de nós estão cá porque somos amigos de alguém, porque entramos
por amizade de alguém e depois gostámos de cá estar ou nos revemos na política
e nas ideias políticas.
Eu acho que hoje em dia, as novas geração não querem ser
militantes de um partido tout court ,
ou seja, não querem ser militantes de um partido de A a Z , mas aproximam-se
dos partidos nas causas que nós defendemos e em que eles se revêm. Quer isto
dizer o quê? Se calhar temos que nos preocupar mais em ter causas que os
preocupem e ir buscar blocos de pessoas – tentar aqui fazer a tal rede –, mas
estar à espera que hoje a Maria está connosco nesta causa, e não ficar chateado
se ela daqui a um mês estiver com eles noutra causa.
Nós temos é que ter a capacidade e a inteligência de
defender as causas certas e conseguir dar resposta àquelas que são as causas,
ou seja, conseguir ter próximo de nós as pessoas mais tempo. Porque hoje em
dia, enquanto não limparmos este anátema que há sobre a política, as pessoas
não vão ter a alegria de participar. Porquê que no passado as pessoas
participavam mais? Por necessidade. A seguir ao 25 de abril, os nossos pais
todos participaram. Porquê? Porque era uma alegria pertencer a um partido. E
hoje em dia é quase cadastro pertencer a um partido. As pessoas não se
aproximam.
Portanto, temos de tornar os partidos coisas úteis para
as pessoas. Vocês gostam do PSD, hoje, mais, porque o PSD vos deu a
Universidade de Verão, onde puderam participar. Quem me dera que as pessoas
participassem mais ativamente na JSD e no PSD porque lá têm formação que não
têm noutros lados.
E como estas há outras. Terem mais acesso a informação.
Eu acho que é esta nova narrativa que nós temos que encontrar para aproximar as
pessoas. Vocês se repararem, a JSD nacional, no último ano, agarrou um tema muito
importante, porque era uma preocupação dos jovens, que era a questão das ordens
profissionais, do acesso à profissão. O PC e o PS andava a discutir a discriminação,
os cães, os gatos, as primas… muito bonito. Mas quem se preocupou com o acesso
dos jovens ao mercado de trabalho foram aqueles. OK, são só os médicos, os
advogados, é de nicho. E a seguir serão outros. Portanto, é por aqui, temos que
saber encontrar, em cada momento, os nichos. E aproximar as pessoas acho que é
assim.
Eu, genuinamente, o que acho que vocês deixam aqui hoje a
desejar, foram pouco criativos. Se vocês repararem na minha caraterística do
quem é quem, não sei se o Júlio pôs ou não pôs… Eu prezo muito a criatividade.
E nós, conseguirmos encontrar soluções, é muito importante. E vocês, nesse
ponto, acho que não estiveram tão bem. Foram criativos nas respostas que deram,
houve aí muita criatividade, até muita demagogia, mas perceberam qual era a
técnica para ganhar aqui, ou pelo menos para ter o apoio e isso foi relevante.
Mas também tivemos bons debates e boas argumentações, houve aqui bons debates.
Eu devo dizer, não levem a mal, eu gostei de algumas
pessoas que eu acho que se destacaram. A Patrícia foi uma opositora demolidora,
ela vai ser advogada ou uma coisa assim esquisita, ou é advogada, porque é
muito dura e muito factual, foi muito dura. Gostei muito de um elemento
Castanho que esteve aqui, foi muito engraçada a apresentar, que és tu. Gostei
da Isabel, que também esteve muito bem. Aquele puto de Almada, como é que se
chama? É do Seixal, também esteve muito bem, gostei muito dele. Houve um
vozeirão que veio aqui falar, não precisa de dizer nada, só com aquela voz faz
tudo – acho que foste tu, a tua voz ajuda muito, ter a tua voz é um descanso.
Mas houve mais três ou quatro que eu acho que estiveram
muito bem, agora não me estou a recordar dos nomes, porque eu deixei ali essa
folha. Mas penso que as pessoas se destacaram, e pelo menos tiveram a
preocupação, na sua generalidade, de procurar dar respostas e responder ao
essencial.
Claro que houve outros que brincaram, aproveitaram e
fugiram ao tema, ali o rapazinho que está ali de Ourém foi o principal. Fugiu,
esqueceu-se completamente das críticas e andou ali a vender peixe. Mas ao menos
safou-se. Ou seja, quando estamos encurralados temos que saber fugir daí e essa
capacidade existe.
Mas eu quero-vos dizer uma coisa. Aquilo que eu acho que
foi o mais importante de tudo – não vos quero fazer perder muito mais tempo...
Ah, dizer outra coisa. Vocês, se repararam, repetiram
muitas ideias pré-concebidas e muitas ideias repetidas. É que propor uma festa
da juventude não lembra ao careca, nem ao Carlos Coelho. Quem é que nunca fez
uma festa da juventude numa campanha eleitoral? O Simão deu-vos na cabeça e com
razão. Usar as redes sociais? Óbvio, então mas quem é que não usa? Eu acho
agora original é não usar redes sociais, não fazer uma festa da juventude. Isso
é que era original.
Ou seja, vocês repetiram muito o que tem sido feito. E
têm que ser mais criativos, olhar para coisas da nossa vida quotidiana e pensar
o quê que pode funcionar diferente. Fazer um colóquio ou uma tertúlia sobre um
tema qualquer é… vocês, no final disto tudo, em relação a esta parte, são o que
eu chamo um pain in the ass , porque
são uns chatos. Tertúlias, conferências, debates temáticos? Ninguém está para
ouvir isso.
Se vocês disserem: vou fazer uma conferência sobre
desemprego, no meio de uma fábrica, às 3 da manhã, ou numa fábrica falida,
cheia de máquinas lá, essa malta é capaz de achar graça.
Têm que sair fora da caixa. Fazer uma conferência de
imprensa no meio de uma horta? Tem que inventar, tem que fugir do natural, do
que é normal, tem que surpreender, coisas que rasguem mesmo, porque senão não
chamam a atenção. Claro que recorrer à ironia, ao humor, funciona sempre. É a
arma mais forte de todas. Mas é preciso saber fazer isso.
Mas eu acho que o mais importante, vocês perceberam, que
foi o problema. Temos que ir procurar a solução.
Mas agora devo dizer-vos para mim o que foi o melhor.
Para mim o melhor foi o facto de não terem hesitado um segundo, nem de nenhum
de nós ter começado a bater palmas, quando aquele rapaz se atrapalhou e vocês
começaram todos a bater palmas. Isso é o melhor de tudo. Porque não há
capacidade política nem arte política mais importante do que a solidariedade e
o espírito de grupo. Mais importante.
[APLAUSOS]
Vocês não hesitaram em dar-lhe apoio. Vocês não hesitaram
nem um bocadinho a reagir, e não foi um… às vezes andamos aqui a bater palmas
aos oradores e começa um, começa outro, começa outro. Não, foi em choque, foi
em cadeia, vocês foram muito rápidos. E foi em uníssono. O Carlos Coelho
costuma chorar no último dia da Universidade de Verão. Hoje chorou à
quinta-feira. Eu nunca o tinha visto a fazer isto. Foi uma coisa muito simples,
foi um 20 ou 30 segundos.
E depois tu estás com medo do quê? Tu tens uma voz que
poucos aqui têm. Eu quase que aposto que na análise do trabalho grande parte é
tua. É verdade, não é? Tens uma voz que pouca gente tem. Agora, digo-te é uma
coisa: falhar já falharam muitos; agora, falhem tudo cá dentro. Aprendam tudo o
que fizeram mal para sábado, aprendam hoje. E lá vão falhar outra vez. E às
vezes aquele que menos falha é o que vai falhar. Porquê? Porque foi leviano.
Agora, só caem aqueles que não se levantam outra vez.
Tiveste os teus amigos ao teu lado. Duvido que na próxima
vez que te atrapalhares, noutro lado qualquer, tenhas tantos amigos como aqui.
Mas pelo menos já sabes da próxima vez como vais reagir ou não vais falhar
outra vez. Temos que corrigir, temos que melhorar. Mas todos temos as nossas
caraterísticas, uns têm capacidade para uma coisa, outros têm para outra.
E vocês têm uma coisa que pouca gente tem: têm espírito
solidário. E isso não se aprende na faculdade, nem sequer na Universidade de
Verão, isso aprende-se em casa, está cá dentro. E isso é o mais importante. E
na política, para trazer as pessoas de volta, há duas coisas fundamentais: é
competência e capacidade, fazer bem as coisas, e hoje, mais do que tudo, ter
autenticidade no discurso e na relação política.
A prazo, a médio prazo, é isto que vale. A curto prazo
vale tudo o resto. Mas para o futuro é isto que conta – serem verdadeiros,
sérios e muito autênticos. As pessoas reconhecem isso.
Obrigado.
Dep.Carlos Coelho
Como vêm, há uma distribuição científica de trabalho que
leva a quem pode ter alguma responsabilidade na distribuição, pôr os outros a
fazer o papel de maus e deixar o papel de bons para si próprio. E portanto eu
pedi ao Simão e ao Duarte para serem mauzinhos convosco, dizerem aquilo que
correu mal, sobretudo, agora quero-vos dizer, em momento de despedida, o
seguinte: eu não gostei da mesma forma de todos os trabalhos e não gostei da
mesma forma de todas as apresentações e de todos os ataques. Houve claramente
apresentações melhores e apresentações piores, trabalhos melhores e trabalhos piores.
Agora tiro-vos o meu chapéu – se tivesse algum em cima da
minha careca – pelo trabalho que fizeram. Vocês estão sob stress, têm vários
trabalhos em paralelo, têm que preparar a assembleia, têm que escrever coisas
que nunca escreveram, como Programas de Governo, ou propostas de lei ou
resoluções do Conselho de Ministros. Têm que preparar a Gala do Boneco e mais
outras participações na UV, têm que preparar as intervenções que fazem nas
intervenções plenárias e nós demos para cima de vocês logo no primeiro dia dois
documentos volumosos, porque qualquer um dos estudos não são poucas páginas.
E vocês fizeram um trabalho sério. Pode ter sido mais
conseguido nuns casos e menos conseguidos nos outros, mas fizeram um trabalho
sério. Analisaram os documentos e responderam aos quesitos e, de uma forma
geral, fizeram uma boa apresentação aqui em plenário, aliás como todos tiveram
ocasião de ver. E porque o fizeram de forma empenhada, de forma séria,
emprestando o vosso esforço e a vossa inteligência, estão de parabéns.
Muito obrigado pelo empenho e pelo trabalho.
E recordo que agora é a hora do lanche e quem quiser
fazer a visita a Castelo e Vide se encontra no hall às 17:20 minutos, se não
estou em erro.