ACTAS  
 
30/08/2015
Sessão de Encerramento da UNIV
 
Dep.Carlos Coelho

Senhor Presidente do Partido Social Democrata

Senhor Presidente da JSD

Senhor Secretário-Geral José Matos Rosa, a quem se deve a organização da Universidade de Verão em Castelo de Vide

Senhor Dr. João Almeida, em representação do CDS/PP

Senhores Diretores-Adjuntos, senhores deputados Duarte Marques e Nuno Matias

Senhores Deputados à Assembleia da República

Senhor Presidente da Câmara Municipal, sempre presente durante toda a semana, facto que muito apreciámos

Senhor Vice-Presidente da Câmara a quem devemos muito apoio e muita solidariedade

Senhor Presidente da Assembleia Municipal

Minhas senhoras e meus senhores

Pela 13ª vez, 100 jovens concentraram-se durante uma semana na sua formação para poderem participar melhor quando intervêm na vida cívica e na atividade política.

Deram provas de trabalho e de rigor, de empenho e de pontualidade, e de uma solidariedade que não deixou indiferentes os que puderam vivê-la e testemunhá-la. Obrigado a todos vós por aquilo que fizeram ao longo desta semana.

[PALMAS]

Debatemos a liberdade e a segurança na Internet, a Ciência em Portugal e no Mundo, as Finanças Públicas sustentáveis, o Portugal 2020, os desafios que se colocam à Europa, o crescimento verde, o empreendedorismo social, entre muitos outros temas. No trabalho de grupo de 2015, os participantes desta edição, analisaram os estudos que a Presidência da República encomendou sobre a participação cívica e política dos jovens, propondo medidas e iniciativas para contrariar o alheamento e a apatia.

Na nossa Universidade de Verão, tivemos Marco António Costa, António Nobre Pita, António Horta Osório, Rodrigo Moita de Deus, Maria Luís Albuquerque, Leonor Beleza, Durão Barroso, Jorge Moreira da Silva, Henrique Leitão, Pedro Sousa, Fernando Resina da Silva, Nuno Melo, Filipe Santos, Miguel Poiares Maduro, Manuel Castro Almeida, Luís Montenegro, Paulo Rangel e Maria de Fátima Bonifácio. A responder perguntas à distância, tivemos Luís Marques Mendes, Henrique Cymerman, Manuela Ferreira Leite, Leonel Vieira e Daniela Ruah.

Por terem disponibilizado tempo, vindo a Castelo de Vide; por terem partilhado o seu saber e experiência connosco nesta Universidade de Verão, a todos deixamos o nosso muito obrigado.

[PALMAS]

Na Universidade de Verão, cada um de vocês assume o seu grupo e para cada um o vosso grupo é o melhor. Eu também tenho um grupo, o grupo dos que voluntária e generosamente organizam durante o ano este evento e que convosco investem nesta semana de formação. Aos diretores-adjuntos, aos cinco conselheiros, aos avaliadores, às fabulosas equipas do JUV, do jornal da Universidade de Verão, da UVT, do apoio, dos audiovisuais, da revista de imprensa - não levarão a mal os membros dos Grupos Amarelo, Azul, Bege, Castanho, Cinzento, Encarnado, Laranja, Roxo, Rosa e Verde, que vos confesse que o meu grupo preferido é aquele que é preto e branco, é o grupo da organização da Universidade de Verão.

[PALMAS]

Uma última palavra de agradecimento aos elementos da Comunicação Social que permitiram com o seu trabalho que o país acompanhasse o que aqui fizemos e debatemos. Muito obrigado a todos.

Senhor Presidente do PSD, termino como comecei há uma semana esta Universidade de Verão, a falar de pedras. Tenho aqui uma pedra, é um calhau de mármore. Uma pedra é uma pedra. O distraído tropeça nela, uma pessoa agressiva utiliza-a como arma, um construtor utiliza-a para edificar, um pastor cansado, na serra, utiliza-a como assento e uma criança brinca com ela.
David utilizou uma pedra para matar Golias e Miguelângelo utilizou uma pedra para fazer uma das mais belas obras do Renascimento, a escultura "Pietà”, representando a dor de Maria com o filho, Jesus, morto nos seus braços, que está na Basílica de S. Pedro no Vaticano.

Pois bem, esta pedra é a mesma pedra. É uma pedra onde se tropeça, que se usa como arma, para edificar, como assento, para brincar, ou para fazermos uma obra de arte. A pedra, em todos os casos é a mesma, aquilo que faz a diferença é o Homem.

Na nossa vida política, estamos mais habituados a lamentarmos as pedras que encontramos no nosso caminho, em vez de pensarmos que com elas podemos fazer a diferença.

Senhor Dr. Passos Coelho, o senhor é um bom exemplo, pois fez o seu caminho de pedras; tomou posse e só encontrou pedras da situação económica difícil, da situação financeira impossível e da tutela internacional sobre Portugal. Não se queixou, nem tropeçou, deu provas de coragem, de resiliência, de determinação, e governou não a pensar nas facilidades, nem no apoio fácil, tomando medidas difíceis, porque para si o fundamental era colocar o país num ritmo de crescimento de progresso.

Não transigiu, nem facilitou, e Portugal levantou a cabeça com mais esperança e confiança. É por isso que lhe deixo um convite para nos encontrarmos aqui daqui a um ano, na Universidade de Verão 2016, e uma vez mais na dupla qualidade de Presidente do PSD e de Primeiro-Ministro de Portugal.

[PALMAS]

 
Simão Ribeiro

Muito bom dia a todos, sobretudo àqueles que, devido à exigência do seu trabalho nesta última noite, estão a ter uma manhã particularmente difícil.

[RISOS]

Há uma semana atrás, tive o privilégio e a honra de abrir esta edição da Universidade de Verão citando Albert Einstein. Pois bem, uma semana depois, mais de quarenta horas de formação cívica e política depois, mas sobretudo com uma maior riqueza interior do que aquela que possuía quando cá cheguei, volto a recorrer à minha memória para vos citar novamente o mesmo cientista.

Einstein dizia também em tempos: "que estranhos dias vivemos, dias como estes em que é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”. Eu atrevo-me a acrescentar "mas que estranha sociedade é esta que num dia exige, clama e reclama por renovação na classe política e no outro dia maltrata e achincalha jovens como vocês que querem dar um contributo a um país, como se cadastrados fossem”.

[PALMAS]

Caras e caros Uvianos, perante cada um de vós me curvo, perante os 100 alunos da Universidade de Verão 2015, mas bem mais que isso, perante as mais de 13 centenas de jovens portugueses que não tiveram medo desses preconceitos rasteiros e disseram "presente” quando o país chamou por eles. Ao contrário de muitos daqueles que tantas vezes nos criticam.

Porque entendo que a política, assim como a vida, deve ser feita com determinação, abnegação, espírito de sacrifício, mas mais do que isso, com trabalho, lealdade e também com espaço para a amizade, cumpre-me aqui cumprimentar um homem que tem dado um contributo inestimável, não só ao PSD mas também à sociedade portuguesa, atraindo constantemente jovens portugueses para a política e simplesmente pelos melhores motivos do mundo que são todos aqueles que se querem e não aquilo que muitas vezes os criticam, portanto peço uma salva de palmas para o nosso reitor Carlos Coelho.

[PALMAS]

Senhor Primeiro-Ministro

Demais dirigentes do PSD

Peço desculpa pelo preciosismo mas tenho obviamente de destacar o nosso "Secretário-General”, o Dr. Matos Rosa

Caro Secretário de Estado e dirigentes do CDS/PP

Senhor Presidente da Câmara de Castelo de Vide, Dr. António Pita

Restantes autarcas cá presentes

Caras e caros companheiros.


Temos a perfeita noção da fase crucial em que vivemos. Portugal e os jovens portugueses encontram-se numa fase de reflexão. Temos noção, aliás, de que muitos deles se encontram numa fase de indecisão face àquilo que têm que votar nas próximas eleições.

Mas até com vista ao seu próprio esclarecimento e porque pelos vistos as cartas abertas ao indecisos pegaram moda neste país, a JSD quer aqui numa espécie de carta aberta dirigir-se frontalmente àquele que é o maior dos indecisos em Portugal, o Dr. António Costa.

Em Janeiro de 2015, diz o Dr. Costa: "A vitória do Syriza é uma mudança importante para a Europa e que nos dá força e coragem para seguir a mesma linha”. Pois bem, o mesmo Dr. Costa, em Maio de 2015, diz o seguinte: "Temos que operar uma mudança na Europa, mas não de uma forma tonta como o Syriza”.

Ora, pergunto eu e a JSD: mas em que ponto e em que lugar ficamos? É tonto o Syriza, ou o exemplo da Grécia é um exemplo a seguir para o PS?

Dr. Costa, decida-se.

Em Janeiro de 2015, o mesmo Dr. Costa e o PS vendiam cá dentro aos portugueses um cenário de abismo, de espiral recessiva e em Fevereiro, um mês depois, perante uma plateia de chineses, o mesmo Dr. Costa dizia o seguinte: "Estamos numa situação bastante diferente daquela que estávamos há quatro anos atrás e, portanto, finalmente a recuperar da crise económica em que estávamos”.

Volto eu, volta a JSD e os jovens portugueses a dizer:

Dr. Costa, por favor, decida-se.

Em Abril, depois de meses e meses a fio sem um único fio de pensamento político para o país, resolve o Dr. Costa juntar um grupo de sábios economistas para por ele pensarem no futuro e na estratégia económica para Portugal. Pois bem, espantem-se, ainda não chegamos ao fim de Agosto e Costa já vai na terceira versão desse programa macroeconómico que traçou para Portugal.

Minhas amigas e meus amigos, a exigência continua a ser a mesma:

Dr. Costa, por favor, decida-se.

O Dr. Costa, aliás, nesse programa projeta um desemprego bem superior para futuro em Portugal do que aquele que já existe neste momento no nosso país. Pergunto eu ao Dr. Costa: com as suas políticas, se algum dia tivesse oportunidade de governar, quer gerar mais, ou menos, desemprego em Portugal para os jovens portugueses?

Decida-se, Dr. Costa.

Diz o PS e o seu líder que se intitula, aliás, o grande defensor da renovação na classe política e sobretudo o principal defensor da igualdade de género em Portugal. Pois bem, os jovens portugueses não esquecem que não só o Dr. António Costa manteve quase todos aqueles que afundaram Portugal no último governo da República em lugares cimeiros nas suas listas candidatas, como ainda se dá ao desplante e à lata de não cumprir a lei da paridade em determinados círculos eleitorais. É assim que defende a igualdade de género? É este o exemplo que dá aos jovens portugueses, de coerência e de rigor?

[PALMAS]

Decida-se, Dr. Costa.

Faça, aliás, aquilo que nunca fez: um ato de contrição e peça desculpa aos jovens portugueses, aqueles que ele agora tenta acarinhar, que foram forçados a emigrar, fruto do desgoverno e da pouca-vergonha do governo em que ele foi número dois e que altas responsabilidades teve em Portugal. Retrate-se e peça desculpa aos jovens portugueses.

Vem agora, o mesmo líder do PS, no seu português, ou melhor, traduzido em politiquês habitual, dizer na sua forma redonda que já achamos normal, que "é preciso adotar medidas para travar a emigração de jovens qualificados”. Dr. Costa, peço desculpa peça falta de humildade, mas não adianta pensar muito porque aqui o Presidente da JSD lhe diz qual é a maior medida para travar a emigração de jovens qualificados e não-qualificados de Portugal. É impedir que o senhor seja eleito Primeiro-Ministro em Portugal e garantir que o Dr. Pedro Passos Coelho é novamente eleito com maioria absoluta, que Portugal precisa para o caminho da estabilidade e do crescimento económico.

[PALMAS]

Mas porque aos políticos não se pede propriamente que chorem em cima e em torno dos problemas, mas que os resolvam, senhor Primeiro-Ministro, minhas senhoras e meus senhores, embora estejamos confiantes num futuro radioso consigo ao leme, exigimos-lhe que continue a libertar a economia portuguesa do peso excessivo e paternalista do Estado como concorrente na economia e que seja cada vez mais regulador e cada vez menos um agente económico protecionista. Ao privado o que é do privado, ao público aquilo que cabe regular.

Exigimos-lhe, senhor Primeiro-Ministro, que continue a emagrecer o Estado da excessiva máquina burocrática que ainda resta e que, de forma gradual, possa baixar os impostos às empresas e às famílias portuguesa de maneira a gerar mais emprego.

Os empregos, minhas amigas e meus amigos, não se criam por decreto, muito menos se criam estimulando o consumo interno com base novamente em endividamento, estimulando este crescimento de forma absolutamente falaciosa. Como se de um dia para o outro, se os portugueses tivessem mais rendimentos com base em dívida fossem disparar a consumir produtos portugueses como a pera rocha ou a laranja do Algarve, em vez de continuar a consumir os carros alemães ou outros produtos.

Dr. Costa, pare de enganar os jovens portugueses, pare de inventar e de atirar areia para o povo português que não merece.

Senhor Primeiro-Ministro, exigimos-lhe que retome a discussão mais uma vez, que tanta polémica e tanta discordância deu outrora, mas que para nós é de suma importância, a discussão da introdução da regra de ouro na Constituição da República Portuguesa. Foi dos temas que mais vezes foi falado e discutido nesta Universidade de Verão.

Pelo simples facto de que a minha e a nossa geração está cansada, exausta, de pagar uma dívida que não criou, não gerou, mas que vai ter de lidar para futuro, com um futuro bem menos radiante que aquele que seria caso os governos anteriores não fossem tão irresponsáveis.

Uma vez a casa arrumada, acredito, senhor Primeiro-Ministro, num modelo de desenvolvimento assente no conhecimento e na inovação tecnológica, em que as universidades estejam presentes no centro do desenvolvimento empresarial.

Caras e caros alunos da Universidade de Verão, caras e caros companheiros, termino novamente com outra citação, desta feita de Anselmo de Andrade que dizia há mais de cem anos atrás: "É de uma grande monotonia a nossa história financeira. Gastamos mais do que aquilo que temos, geramos défices e pagamos tudo com base em empréstimos”.

Senhor Primeiro-Ministro, para terminar, aquilo que peço é que continue a mudar esta enfadonha e monótona história financeira do povo português.

Muito obrigado.

[PALMAS]

 
Dr.Pedro Passos Coelho

Senhor Reitor da Universidade de Verão, caro amigo Carlos Coelho.

Senhor Presidente da JSD, caro Simão Ribeiro.

Cumprimento também todos os dirigentes quer do PSD quer do CDS/PP que aqui estão connosco, o Dr. João Almeida e o Dr. Matos Rosa, em particular.

Cumprimento também o senhor presidente da Câmara de Castelo de Vide, que se tem associado deste sempre a estas edições.

E cumprimento sobretudo todos os que participaram nesta 13ª edição da Universidade de Verão.

Quero começar por assinalar a importância que a JSD e o PSD de um modo geral vêm dedicando à formação política. Sabemos que encontrámos uma solução que não é indissociável do reitor da universidade que nos permite, de uma forma séria, concentrar um conjunto de jovens que ambiciona preparar-se para responder às expectativas, às ansiedades, que a sua sociedade – a que conhecem e a que desejam – têm no presente e para futuro.

E apesar de esta edição se realizar em ano de eleições legislativas, é importante que não se tenha perdido o espaço necessário para pensar com profundidade o presente e o futuro. E isso aconteceu nesta edição, mais uma vez, apesar de estar num clima já muito próximo das eleições. Eu quero cumprimentar-vos por isso porque - evidentemente que todos aqueles que foram convidados a partilhar convosco as suas experiências e pensamentos deram um contributo decisivo para o sucesso desta edição – mas o que garante o sucesso da UV é quem está desejoso por ouvir, aprender e por dar depois o seu próprio contributo à sociedade. E isso diz-vos respeito a vós.

[PALMAS]

A minha segunda palavra é para dizer que eu concebo a atividade política e a atividade governativa em particular, a que estive associado nestes anos, como um serviço que prestamos a toda a nossa comunidade. Não há nenhuma contradição entre liderar um partido e governar um país.

Julgo que esta é uma perceção importante que se deve ter, ao culminar uma semana de formação política. Os partidos são simplificações que permitem às pessoas fazer escolhas de uma forma mais convincente. Mas os partidos não devem aspirar a dividir a sociedade, neste caso os portugueses.

Nós sabemos que os partidos são diferentes uns dos outros e quando as pessoas fazem escolhas, acentuam também essas diferenças. Mas nós nunca podemos ter uma visão estritamente partidária do mandato que recebemos. Porque não governamos apenas para aqueles que votaram em nós. Nós não governamos apenas para os nossos partidos nem sequer para os nossos partidos. Governamos para todos!

E isso exige que quem governe saiba distinguir muito bem as perspetivas do seu partido, as suas próprias perspetivas políticas e aquilo que deve ser exigido pelo eleitorado em geral, pelos cidadãos, que é independência suficiente para se pensar no futuro de todos e não apenas no de alguns.

Costuma dizer-se que quando um Presidente da República é eleito se torna presidente de todos os portugueses. Mas não é verdade que quando um Governo é escolhido e é eleito seja só governo de uns quantos. É também governo de todos.

[PALMAS]

E isso é próprio da democracia. Quando a escolha democrática recai sobre alguém para governar, espera-se que esse alguém possa governar respeitando a diferença; não querendo de forma arrogante tomar o voto de cada um por aquilo que ele próprio pensa e deseja; não pode cavar uma espécie de separação artificial entre as ideias do seu partido e a sua interpretação do que desejam todos os portugueses. Deve por isso reconhecer o pluralismo das ideias, do combate político, respeitar os adversários, e admitir que há sempre outras maneiras de pensar e outras soluções para os problemas.

Podem é não ser as melhores. E não devemos confundir a convicção com que acreditamos nas nossas ideias com intolerância relativamente aos nossos adversários.

Porque quando somos intolerantes com os nossos adversários, tornamo-nos intolerantes para com aqueles para quem também governamos.

[PALMAS]

Por isso, nestes anos, nós procurámos governar a pensar no futuro do país e nos portugueses.

Não fazemos tudo bem, evidentemente. Ninguém faz tudo bem. Mas a nossas motivação, sempre que decidimos alguma coisa, foi a de preparar um futuro que pudesse ser melhor para todos e não apenas para alguns. Claro que depois sabemos que não estamos todos nas mesmas condições. Nós vivemos anos de profundas transformações. E quando há profundas transformações na sociedade, na economia, na política, as coisas não voltam ao que eram. Para o bem e para o mal. O que nós esperamos é que das transformações possamos sair mais fortes, e em condições de poder ter um futuro de maior prosperidade para todos.

Mas sabemos que isso não é assim quando olhamos isoladamente para cada caso. Dou um exemplo prático: durante muitos anos em Portugal tivemos uma economia demasiado fechada, movida no essencial pelo consumo interno, pelas escolhas de consumo que o Estado e as pessoas faziam, e também pela chamada obra pública e pela construção civil e área imobiliária.

E apesar de não termos tido uma bolha imobiliária como outros países tiveram no espaço europeu, na verdade tínhamos uma percentagem muito revelante da nossa economia que estava ligada a essas atividades.

Hoje, julgo eu, nenhum responsável político pode dizer, em consciência, que vamos voltar a ter o mesmo tipo de investimento de obras públicas e na construção civil como tivemos durante 15 ou 20 anos. Porquê? Porque não é necessário. Nem o país precisa desses investimentos (precisa de outros e não desses), nem nós temos forma de os pagar.

Portanto, não vale a pena chover no molhado. Não voltaremos ao regime económico assente na escolha de investimento em obras públicas e com uma área imobiliária assente na construção civil.

Qual é o problema? É que muitas empresas e muitas pessoas trabalhavam nessas áreas. Essas pessoas, em regra, estão hoje pior do que estavam. O nosso objetivo, portanto, é que elas possam reencontrar outras oportunidades no futuro. Não é dar-lhes aquilo que já tiveram no passado.

Isso seria conservar a sociedade, a economia e toda uma perspetiva de vida no passado. Não há ninguém que construa o futuro apenas interessado em conservar o passado. É assim: temos de andar para a frente.

Mas temos de olhar para a realidade dessas pessoas. Muitas delas têm baixas qualificações, ao contrário de muitos dos jovens de hoje que têm elevadas qualificações e que podem, portanto, contribuir para uma economia que acrescente mais valor, que traga mais inovação – como dizia, e muito bem, o presidente da JSD.

Muitas pessoas têm mais dificuldade em dar esse contributo, e não deixam de ter, legitimamente, a aspiração de viver com dignidade, e de poder trabalhar. De poder prosperar com o crescimento da economia.

É esta a diferença que nós devemos acrescentar quando confrontamos o passado recente, e o mais distante, e perspetivamos o futuro.

Nós não podemos dizer a todos os portugueses que o tipo de oportunidades que tinham no passado se vão agora reabrir. Porque sabemos que há mudanças importantes que impedirão que isso aconteça para muitos. Mas é indispensável que novas oportunidades possam aparecer para aqueles que querem mudar de vida, dedicar-se a outros setores económicos, a outras áreas de atividade, e que sentem que têm um contributo a dar e que têm a expectativa de se poderem realizar também como pessoas.

Essa é a mensagem política fundamental que temos de dar para futuro. Vencemos as dificuldades e vencemos as crises. Não com o intuito de voltarmos ao que éramos – porque isso não é possível. A mudança que foi empreendida não nos permite voltar para trás. Forçá-lo seria um erro histórico grave mas não podemos deixar de pensar em todos aqueles que, estando muito engajados em modelos que não podem ser recriados, têm hoje o direito de poder prosperar também com a retoma da nossa economia, com novas atividades que podem vir a ser empreendidas. Para isso é indispensável que muitas das mudanças que fizemos possam prosseguir.

Houve muitas escolhas nestes anos que não foram verdadeiras escolhas. Ou seja, quando não há dinheiro, a nossa liberdade de escolha é mais limitada. Felizmente, estamos a ultrapassar essas dificuldades maiores e que agora o país pode, com mais liberdade, fazer escolhas para futuro. E assim será também com o próximo governo: terá mais liberdade para fazer escolhas. Escolhas boas e escolhas más. E nós esperamos que as escolhas sejam boas!

Mas estas mudanças que fomos empreendendo em muitos setores da nossa economia e no nosso Estado, precisam de prosseguir de maneira a consolidar esta mudança e a dar maior liberdade possível para fazer a mudança que nós desejamos.

Isso implica algumas coisas. A primeira: que nós nunca desistamos de apostar na formação, nas qualificações e nas competências dos portugueses. Nós fizemo-lo nestes anos. Apesar das dificuldades e das restrições financeiras, nunca deixámos de apostar nas qualificações e nas competências dos portugueses.

Dou um exemplo claro: em 2005, o partido que então ganhou as eleições, tinha no seu programa de governo conseguir que a escolaridade obrigatória fosse estendida aos 12 anos. Era uma meta que eu julgo importante. Depois de termos conseguido os 9 anos de escolaridade, prosseguir para os 12 anos de escolaridade. Quanto mais gente jovem termine os 12 anos de escolaridade, mais gente jovem pode candidatar-se ao ensino superior; mais gente jovem terá acesso a níveis mais avançados de conhecimento; mais gente jovem estará preparada para acrescentar valor à sua própria vida e à vida da sua sociedade.

Findos esses primeiros quatro anos de governo, em 2009, ainda nenhuma medida tinha sido tomada para que houvesse 12 anos de escolaridade obrigatória. O que se fez então? Uma lei. Impôs-se uma lei: "vai passar a fazer-se 12 anos de escolaridade obrigatória.”

Esse foi o grande incremento legislativo que em quatro anos o governo de então ofereceu. E quando houve eleições, dois anos depois, em 2011, dois anos volvidos, o incremento não tinha saído dali. Estava na lei que haveria de haver 12 anos de escolaridade obrigatória mas, mais uma vez, nada foi feito para que a escolaridade obrigatória pudesse ser alargada.

E foi justamente no meio de uma crise séria, com grandes restrições financeiras, que o governo que lidero executou essa mudança. E neste ano tivemos os primeiros alunos que concluíram o 12ª ano e que iniciaram em 2012 a escolaridade obrigatória de 12 anos no 10º ano de escolaridade.

Esse dado simples, de que muitas vezes não se fala e não se nota, parece uma coisa normal.

Não é tão normal assim. Porque no passado, durante muitos anos, achou-se que este objetivo era importante e os governos de então não o conseguiram alcançar. E foi possível, em condições de restrição, alcançá-lo! Porquê? Porque achávamos que era importante.

Quando temos restrições, temos de ser ainda mais exigentes nas prioridades que estabelecemos. E a nossa prioridade nunca deixou de ser apostar nas qualificações dos portugueses.

Segundo aspeto: nós precisamos de qualificações mas precisamos também de um setor económico que possa ser ativo e dinâmico. Precisamos de uma economia aberta e não protegida. Porque com uma economia aberta e não protegida nós conseguimos olhar para o mercado global e não apenas para o nosso umbigo. Podemos crescer mais do que aquilo que as nossas capacidade económicas e restrições económicas mais imediatas fariam adivinhar. Porquê olhar para um mercado de 6 milhões de consumidores se podemos olhar para um mercado de centenas de milhões, milhares de milhões de consumidores?

[PALMAS]

A nossa atividade pode crescer, portanto, muito mais do que a nossa pequena dimensão, se nos atrevermos a olhar não só para aquilo de que os portugueses precisam mas aquilo que outros cidadãos de outras economias precisam também.

Ora está bem de ver que para essa dinâmica as nossas empresas têm de ser ágeis. Não podem ficar só a olhar para o seu pequeno quintal: têm de olhar para o mundo inteiro: tem de falar a sua linguagem, conhecer as suas necessidades. Têm, portanto, de abrir a sua mente. Têm de ter outra ambição, gente preparada, bons trabalhadores, qualificados, empreendedores. Têm de ter bons gestores, que saibam depois organizar bem o trabalho e a atividade. Mas depois precisam de ter acesso a financiamento. Sem financiamento, não há crescimento na economia. Como, aliás, nós sabemos. Sem financiamento tivemos recessão. Quando as famílias, as empresas e o Estado deviam demasiado, ninguém lhes emprestava. E se ninguém emprestar, se não houver dinheiro, não é possível crescer.

Nós aprendemos, nestes anos, como é possível refutar estes maniqueísmos básicos, que muitas vezes perpassaram o debate público. Que a alternativa é a austeridade ou crescer. Não é verdade! Nós, para crescer, precisamos de financiamento, e para isso é preciso pôr as contas em ordem. O resto, como todos se recordam, é uma história para crianças.

[PALMAS]

Portanto, nós temos de negar veementemente este tipo de maniqueísmos, esta forma artificial de colocar as escolhas aos portugueses. Nós para crescer precisamos de financiamento também. E, para isso, nós precisamos de um sistema financeiro aberto e disponível para canalizar os recursos que temos – que não são muitos – para os que têm melhores ideias, melhores projetos, melhores empresas.

É por isso que as empresas não podem ser as mesmas a vida inteira. Ou então, quando são as mesmas mas são mal dirigidas ou têm donos que não as sabem projetar para futuro nem ajudar a satisfazer a sociedade e o mercado em que se inserem, então elas têm de mudar de dono. Tem de haver uma forma de não penalizar uma empresa que pode ser boa mas que está a ser mal gerida – porque não teve ambição – e fazê-la mudar de dono.

E, para isso, é preciso financiamento também.

Nós não podemos canalizar o financiamento para proteger os maus negócios apenas porque temos lá gente amiga ou mais conhecida, em quem confiamos mais, porque andámos com eles no liceu ou na universidade, ou porque os conhecemos no nosso partido ou noutro sítio qualquer! Não é para isso que existem os bancos. Nem os governos. Não é para trazer os amigos. É para trazer as pessoas que são competentes, para apostar nos projetos viáveis, que geram empregos.

[PALMAS]

Ora essa transformação gradual tem vindo a ocorrer também no nosso país e é fundamental para que possamos ter liberdade económica e financeira. Se estivéssemos à espera que quem tem boas ideias tivesse dinheiro para as poder realizar, ainda estávamos no neolítico. É portanto muito natural que a inovação financeira seja essencial para que o mundo possa progredir. Para que as pessoas não tenham de esperar pelo fim da sua vida para terem um carro, ou uma casa. Ou umas férias. É muito importante que lhes possa ser facultada essa possibilidade. E elas não podem aceder a tudo isso sem correr riscos e perceberem que quando se desconta o futuro, se tem também de construir o futuro com mais possibilidades. Porque, se não, descontando demasiado futuro ficamos com pouco futuro pela nossa frente.

O sistema financeiro é crucial para que as sociedades possam crescer e para que as pessoas possam ambicionar mais justiça social. Mas se o sistema financeiro estiver fechado e não estiver ao serviço destes valores então a sociedade enquista. As empresas não mudam de mão, maus negócios continuarão a ser financiados enquanto houver possibilidade de disfarçar os maus resultados.

Quando a regulação atua, quando o poder político é isento, imparcial e independente, então as forças de libertação da sociedade civil atuam também para a libertação do sistema económico e financeiro. É por isso também que eu não tenho saudades nenhuma nem quero voltar para trás aos tempos que tivemos antes da crise por que passámos. Porque podemos ter um regime com mais liberdade económica e financeira e mais liberdade política no futuro.

[PALMAS]

E nós estamos a construir esse futuro. Por isso é que nos vamos bater, nas próximas eleições, para poder concretizar esta ambição de construir um futuro com mais prosperidade e com mais possibilidades para todos.

Foi por isso que o PSD e o CDS-PP fizeram uma coligação. Esta é uma coligação entre dois partidos que asseguraram o governo do país no período mais difícil da sua história democrática e que acharam que deviam – coligados democraticamente – abrir esta coligação. Abrirem-na a todos aqueles que não sendo do PSD ou do CDS-PP, acham que o mundo não é a preto e branco e que o que está em causa para futuro não são convicções ideológicas nem dogmatismos partidários mas sim se podemos ou não ter mais liberdade económico financeira; se podemos ou não ter mais pluralismo político. Um pluralismo em que não reduzamos a política ao "nós e eles”, às trincheiras daqueles que governam apenas para certos grupos.

E esta coligação terá de funcionar, do ponto de vista social, para todos os portugueses, para que o país possa prosseguir o seu caminho de transformação e de mudança. Essa é a minha convicção. Evidentemente que a escolha estará nas mãos dos portugueses.

Mas é muito importante que possamos usar o tempo que temos à nossa frente para falarmos desse futuro que já estamos a construir e que queremos continuar a construir.

As diferenças entre aqueles que se candidatam ao governo são muito importantes para que os cidadãos possam fazer não escolhas partidárias mas nacionais. Por isso tenho apelado a muitos que, não sendo do PSD nem do CDS-PP, que passaram por dificuldades muito grandes que associam ao governo que liderei, que pensem não apenas nesse período difícil mas no futuro que estamos a construir. E que pensem exatamente no que querem para esse futuro. Não apenas para o governo mas para o seu futuro pessoal. Nós, em democracia, devemos ser racionalmente egoístas nas escolhas que fazemos. Porque é isso que faz sentido. Defender os nossos interesses e os nossos pontos de vista. Mas já dizia Norberto Bobbio que quando uma sociedade democrática é um mero somatório dos egoísmos pessoais perde dimensão política, perde riqueza económica, e passa a ter um futuro bastante mais reduzido. A confiança que temos de instalar na sociedade – e sem a qual não conseguiremos crescer o suficiente, exige instituições muito fortes que não reduzam as coisas àqueles maniqueísmos, que não afunilem as escolhas aos meros interesses pessoais. Muitas vezes nós temos de escolher também a pensar no coletivo, na sociedade em geral e não apenas naquilo que nos toca mais de perto.

É assim que tempos críticos, como aqueles que se seguiram após a Segunda Guerra Mundial, trouxeram sacrifícios grandes que foram pensados para as gerações futuras. Para os filhos, para os netos, para quem há de vir a seguir.

Muita gente, ao longo da vida e da História se esforçou para que os que vêm a seguir pudessem viver melhor. E isso conduz-nos ao que de mais nobre a política tem: sabermos separar-nos no nosso mero interesse imediato, pessoal e egoísta, e pensar no interesse dos outros, dos que vivem ao nosso lado, dos que vivem pior do que nós, naqueles que têm mais dificuldades e que precisam que nos possamos despir dos nossos interesses pessoais para pensarmos na sociedade como um todo.

A escolha que vamos ter em outubro não é uma escolha partidária nem do interesse pessoal de cada eleitor. É uma escolha sobre o futuro de toda a sociedade portuguesa. Por isso, não são apenas os interesses pessoais e partidários aqueles que convocamos para a reflexão sobre essa escolha. Queremos falar com todos, independentemente das barreiras ideológicas e dos interesses pessoais.

[PALMAS]

Estou convencido, temos todas as condições para poder aspirar a maior justiça social. No fundo, é isso que nos move a todos. Nós sabemos que Portugal é um país profundamente desigual. Não é por causa da crise – já o tenho afirmado. Já era assim antes desta crise, antes da crise anterior e da anterior a essa.

Portugal tem muitas assimetrias. Não só no seu território mas também na forma como a riqueza está distribuída. Ora, uma nação não pode ser suficientemente desenvolvida se mantiver este tipo de desigualdades. Nós teremos de colocar o combate às desigualdades sociais e económicas no topo da nossa agenda política nos próximos anos.

[PALMAS]

Mas temos hoje mais condições para sermos mais bem sucedidos nessa tarefa do que muitos governos foram no passado. Justamente porque muitas das transformações importantes – ditas estruturais – que temos vindo a empreender e que têm de prosseguir, não visam apenas livrar-nos do abismo financeiro, da bancarrota, dos desequilíbrios macroeconómicos. Visam também livrar-nos das amarras que tínhamos numa sociedade que mesmo com quarenta anos de democracia era uma sociedade de privilégios, de interesses defendidos contra o interesse geral.

[PALMAS]

Por isso tenho falado na democratização da nossa economia. Claro que muitos dos nossos oponentes políticos e adversários não nos podem ouvir falar nestes termos. Porque têm o preconceito de achar que alguém do PSD ou do CDS-PP "não pode” querer combater desigualdades, "não pode” desejar liberdade económica.

É por aqui que avaliamos a verdadeira tolerância e o apego ao pluralismo que se proclama e que se concretiza.

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Eu não vejo da mesma maneira. Acho que todos nós aspiramos, genuinamente, a esse resultado. A política não é um exercício de cinismo filosófico e intelectual que nos permita chegar a um resultado escondido por formas mais ou menos transparentes. Eu acredito, genuinamente, que a generalidade dos políticos acreditam nos resultados a que se comprometem. O que nem todos têm é condições para o poder concretizar. E em cada momento, não estamos todos nas mesmas condições de realizar esses objetivos. É assim! É por isso que as escolhas dos cidadãos não são dogmáticas. São a pensar, em cada momento, nos que estão em melhores condições de realizar os objetivos que todos desejamos.

Ora, eu só fiz parte deste governo. Nunca fiz parte de nenhum outro. Apoiei muitos outros governos. Há muitos anos que mantenho um interesse grande na intervenção política, pensando portanto na sociedade portuguesa e no interesse geral tal como eu o concebo. Não posso responder por todos os que me antecederam mas dos quatro anos que levo desta experiência quero dizer-vos que foi difícil mas valeu a pena!

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E se de alguma maneira podíamos sentir que tínhamos o direito de dizer que "não” para a frente, de certa maneira aquilo por que lutámos – e que de certo modo estamos a conseguir alcançar – é o que impele ao dever de procurar chegar mais longe e concretizar os ideais de justiça que nos movem.

Como eu dizia, Portugal tem todas as condições para prosperar, para ser uma economia competitiva, com valor acrescentado nos salários, nos bens e serviços das nossas empresas. Casando, como dizia – e muito bem – o Simão Ribeiro – os centros de investigação, as universidades, os politécnicos, com o nosso tecido económico, com as nossas empresas, com os trabalhadores e gestores. Nós podemos aspirar a ser uma economia mais avançada para podermos ter uma sociedade mais justa. Mas isso não cairá do céu nem é apenas uma questão de fé. Exige muito trabalho, preparação e determinação. Nós achamos que os portugueses têm todas estas qualidades.

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Um abraço e desejo sinceramente poder corresponder àquele que foi o desejo do nosso Reitor Carlos Coelho e poder estar aqui, daqui a um ano, como presidente do PSD e como Primeiro-Ministro, a entregar os vossos diplomas!

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