Henrique Cymerman
Qual foi o momento que mais o impressionou, marcou ou achou mais caricato durante alguma das suas muitas reportagens pelo mundo fora? Há duas personalidades que são chave. São as que a mim mais me marcaram. São as entrevistas que eu mais contarei aos meus netos. A primeira está relacionada com uma coincidência trágica: fui eu quem fez a última entrevista a Yitzhak Rabin antes de ele ter sido assassinado.
É uma coisa que eu conto muitas vezes mas enquanto vão passando os anos eu percebo a importância quase estremecedora desse facto.
Aconteceu cerca de 24 horas antes do assassinato. Um assassinato que teve lugar pelo simples motivo de Yitzhak Rabin ter optado por uma política de paz. Isso despertou o antagonismo de um sector pequeno mas mais radical.
O assassino foi talvez o único magnicida da história judaica, justamente num momento tão crítico. É que parecia tudo encaminhado para se pôr termo ao conflito mais antigo da história da Humanidade.
Foi a última entrevista que ele deu. Que ele tivesse cantado em público – uma coisa que nunca tinha feito, porque era um homem muito tímido... o “General da Paz” era um homem muito tímido – que a seguir tenha feito um grande discurso, e depois levasse três balas na cabeça (morreu imediatamente) fez com que a minha entrevista tenha sido, portanto, póstuma. Eu entendi nesse momento que a História ia mudar.
A segunda entrevista é mais recente. Foi há um ano, ao Papa Francisco, uma personalidade que eu encontrei, talvez a mais fascinante até hoje.
Eu continuo a colaborar com ele, desde esse momento. É um homem que está disposto a usar o tempo dele como Papa – um dos líderes mundiais mais importante – para mudar o mundo.
E mesmo sendo eu judeu, identifiquei-me com as mensagens do Papa Francisco, razão pela qual o ajudei em vários dos seus projetos.
Daniela Ruah
Sente que foi preciso sair de Portugal para singrar na vida como profissional, ou acha que, proporcionalmente (já que não se pode equiparar a dimensão dos EUA com a do nosso país), teria tido uma projeção semelhante continuando a trabalhar cá?
Sugestões
No kit da UV2016 venha, juntamente com a caneta, uma lápis (e, se possível, uma borracha) para pessoas como eu, que tem tendência a corrigir tudo o que escrevem e não gostam de riscar varias vezes o mesmo documento.