Como vê a questão das altas taxas de abstenção e de que forma, enquanto membro da JSD, planeia envolver as gerações atuais e futuras na política?
vejo naturalmente esse fenomeno com grande preocupaçao. esse, na minha opiniao e dos maiores perigos para a democracia portuguesa... em relaçao as novas geraçoes, eu costumo dizer que os jovens não estao assim tao afastados da politica, na medida em que hoje a nossa geraçao se preocupa mais com o que se passa no mundo e no seu pais, do que qualquer outra geraçao. acho que os jovens estao desligados, isso sim, do modelo tradicional de funcionamento dos partidos politicos e da postura de alguns actores politicos. temos, por isso que saber liderar pelo exemplo, com verdade, com rigor... acho que este é meio caminho andado para a resoluçao do problema. mas evidente que a coerencia e a forma inovadora como apresentamos as nossas ideias tambem ajudam. um ultimo vector fundamental, esta na formaçao civica, quer em accoes como a uv, quer no que toca a formaçao de base nas escolas portuguesas. a jsd apresentou na assembleia da republica recentemente um projecto de resoluçao para a implementaçao de formaçao civica e politica nas escolas... julgo, como ultima nota que eventuais alteraçoes ao sistema politico e sobretudo eleitoral, poderiam ajudar.
Apesar da JSD ser uma juventude partidária muito proativa e irreverente, muitas vezes somos acusados de um cinzentismo político ou de apenas falar politiquês. Na sua opinião, esta percepção deriva de uma iliteracia política (para não dizer cultural), de um desfasamento criado pela forma de comunicar, ou resulta ainda de outro(s) fator(es) menos inteligiveis?
Tradicionalmente, são os jovens que melhor sabem falar a linguagem dos cidadãos. Sobretudo porque a sua expressão é mais informal. O polítiquês é uma praga que afeta a eficácia do discurso e da comunicação. Naturalmente, a JSD não está imune a essa linguagem desastrosa, mas em regra os nossos dirigentes sabem comunicar: fruto da UV e da grande aposta que toda a estrutura tem feito em formação.
Quando falamos em Presidente da JSD vem-nos a cabeça um alto cargo politico cheio atenções e câmaras virados constantemente para si.
Mas não é bem assim, sabemos intrinsecamente que um politico tem que abdicar da sua vida pessoal, que todos os dias se afasta da sua zona de conforto para o desconhecido colocando muitas vezes de parte a sua vida pessoal.
Tem valido a pena seguir este caminho?
sim... tudo isso é verdade... mas como disse no discurso de abertura, fazer politica é um acto de coragem diario, e sim... tem valido a pena. vale sempre a pena, desde que dia apos dia tenhamos a convicçao daquilo que queremos para nos e para o nosso pais. sem nos desviarmos do nosso rumo.
Simão, enquanto deputado nacional, qual é o teu ritual de preparação para as sessões parlamentares?
Pedro, não tenho propriamente um ritual, tenho, isso sim algumas preocupações particulares antes de uma sessão parlamentar na qual tenha que desempenhar um papel mais activo por forma a render mais. descansar bastante na véspera, preparar bem o conteúdo em questão, alimentar-me de forma mais saudável... e as vezes ouço musica relaxante momentos ante :)
Como é que lidou com situações de discordância interna na JSD?
Ola Miguel. a discordancia e o contraditorio em politica sao, para alem saudaveis, absolutamente normais. muitas vezes, da discordancia nascem as soluçoes. quem lidera, deve ter sempre a capacidade de saber ouvir, de saber seguir a vontade da maioria com o respeito absoluto de quem tem o dever de manter uma equipa coesa, composta por um grupo heterogeneo.
Podemos considerar a propaganda algo ético em campanha política?
Não ético é Roubar, não ético é propagandear aquilo que não é verdadeiro. saber comunicar ou divulgar aquilo que de bom fazemos, trata-se, na minha opinião, de um dever de informação e prestação de contas que os agentes políticos devem aos cidadãos.
propaganda "como lavagem ou tentativa de evangelização" é obviamente algo rejeitável .
Até que ponto apoia a criação de aulas de cidadania com o objetivo de formar os jovens para a vida social. São muitos os jovens que não sabem fazer as chamadas "papeladas" e a Escola podia ser uma solução. Abraço.
Laurindo,
Uma das bandeiras que defendi quando me candidatei à liderança da JSD foi precisamente a introdução da formação cívica nas escolas. Já enquanto Presidente da JSD e como deputado à Assembleia da República apresentei, juntamente com os restantes deputados da JSD, um projeto de resolução a defender isto mesmo.
Acredito que é fundamental que a Escola tenha um papel importante na formação dos nossos jovens, acerca do país em que vivemos, dos direitos e deveres dos cidadãos, do nosso sistema político, da forma de eleição dos nossos representantes, e tantas outras questões que são elementares para termos cidadãos esclarecidos e informados.
Como encaras uma possível reorganização da rede estrutural do Ensino Superior, nomeadamente no que toca à fusão entre Politécnicos e Universidades de menor dimensão?
Há duas análises distintas que temos de fazer perante a rede de ensino superior. Antes da reorganização da rede de instituições de ensino superior e da reorganização interna das instituições temos de terminar a aplicação de um primeiro filtro de qualidade, que permita uma limpeza aos cursos sem qualidade. Posteriormente então devemos falar da reorganização da rede das instituições, reorganização essa que deve responder aos critérios definidos a priori para esse novo mapa. Devemos reorganizar com base numa melhor adequação e articulação da oferta formativa não só entre as instituições mas também com o tecido economico e social. Na minha opinião, a cooperação e articulação entre instituições de ensino superior (independentemente da sua natureza jurídica, isto é, do seu carácter universitario ou politécnico) tem de ocorrer em função da qualidade do ensino e da investigação. As figuras que dão resposta a essa necessidade de articulação podem ser a fusão como podem ser integrações de grau intermédio como o consórcio. Nesse sentido, e de uma forma mais direta, encaro positivamente as fusões, integrações ou consórcios que permitam maior cooperação entre as instituições, maior cooperação e competição entre docentes e investigadores e demais ganhos de escala sem prejuízo das devidas autonomias científicas.
Durante a sua intervenção na sessão de abertura da UV2015 afirmou que "fazer politica neste pais é um autentico ato de coragem". Sabendo que a JSD é a maior estrutura de jovens do pais, qual considera ser a razão para este sucesso e que conselho dá aos jovens para garantir a coragem necessária?
fazer politica, nos dia de hoje costituiu um acto de coragem... coragem pela vontade de dedicar muito da nossa vida aos outros, mas sobretudo coragem para o fazer no contexto socio-cultural actual. na nossa historia democratica, ja passamos por enumeras controversias, ja resolvemos tres resgates externos, é portanto, natural que as pessoas estejam chateadas com os politicos... se a jsd é hoje a maior estrutura de juventude em portugal é porque desde sempre esta estrutura foi algo mais que uma caixa de ressonancia do partido. grande parte do sucesso da jsd, deve-se ao facto de ao longo dos anos ter sido coerente com aquelas que eram as causas da juventude portuguesa e nao um veiculo de propaganda do governo ou do partido. o conselho que deixo é apenas este: tomem como novos todos os desafios, todas obrigaçoes, ainda que pareçam quase uma rotina, com humildade e dedicaçao, e quando se sentirem cansados ou desanimados, refugiem-se no sorriso de um jovem a quem a verdadeira politica ja melhorou a vida.
O que pensa que poderiam fazer as juventudes juventudes partidárias para melhorar a sua ação/intervenção perante a sociedade, nomeadamente, no que se refere à promoção da cidadania participativa e apelo ao voto?
ceu... para nao correr o risco de ser repetitivo, peço que leias as respostas anteriores, nas quais já respondi a esta questao... :)
Este ritmo alucinante que vivemos na UV, corresponde ao dia a dia de um deputado? Ou é ainda mais exigente?
Obrigado :)
Caro Nuno, são ritmos igualmente exigentes mas em registos diferentes... a diferença do Parlamento em relação a UV, é que no Parlamento acresce o facto de termos que conciliar posições e decisões sobre os assuntos e matérias em causa diariamente. acresce ainda a necessidade de ouvir permanentemente os jovens, "os sindicatos dos jovens" , os representantes dos jovens e fazer disso a nossa prioridade.
mas a grande diferença é que na uv tratamos de assuntos reais, mas em exercícios teóricos, no Parlamento, é a vida dos portugueses que está em causa.
Uma das razões para a baixa credibilidade da política é a perceção de que a qualidade da democracia é baixa e que o "jogo" democrático está viciado. Quais as principais medidas que devem ser tomadas, na tua opinião, para melhorar, efetivamente, esta situação e aumentar a credibilidade da política?
Caro Helder, resumiria em alguns itens ou alguns passos a tomar para inverter a situação:
1- reorganizar a formação cívica e política de base nas escolas portuguesas .
2-criminalização e responsabilização política por actos de gestão danosa ou dolo grosseiro por parte dos actores políticos.
3- maior abertura dos partidos políticos a sociedade cívil.
4-introdução de alterações ao sistema político e ao sistema eleitoral.
Na minha opinião, iniciativas como a universidade de verão são de extremo valor para os jovens. Penso que seria uma boa ideia a JSD criar novas iniciativas como esta um pouco por todo o país, com outros atores, bem como motivar os jovens a irem votar, através de acções junto a escolas secundárias. Concorda?
caro Antonio, concordo inteiramente contigo! a jsd tem tentado realizar varias iniciativas desta natureza por todo o pais... para alem das universidades da europa e do poder local, fizemos varias iniciativas intituladas "saber mais" por todo o pais... infelizmente o orçamento da jsd é curto e nao da para muito mais. ainda assim, parte substancial dos nossos recursos vão direitinhos para a formaçao.
Simão, como jovem político que és, com um Currículo exemplar e um percurso "invejável", que conselhos dás a quem está a iniciar o caminho político (como é o meu caso).
cara Iva, em primeiro lugar, obrigado pelas tuas palavras que muito me encorajam e estimulam.
Como dizia Pedro Passos Coelho quando liderava a JSD, "as convicções não justificam tudo, mas tudo tem que ser feito com convicção para que possa valer a pena" e, em suma isto resume muito do conselho que tenho para te dar... que sejas sempre empenhada, trabalhadora... que mantenhas sempre a ética, o rigor e a humildade como principio principal da tua acção política. e sobretudo, que mantenhas sempre a capacidade de sonhar.
Num contexto de governabilidade pouco amigável (na medida em que as condições conjunturais implicaram cortes nos rendimentos, aumento de impostos, ...) qual o segredo para a JSD ter crescido no ponto de vista da visibilidade mediática e se ter imposto, como a única juventude partidária credível?
André,
A JSD mantém sempre viva a autonomia, independentemente da conjuntura política. E isso é um património que tem sido sempre preservado e que nos manteve dessa forma como líderes no panorama das estruturas partidárias de juventude. Mas mais do que falar de autonomia genericamente é dar-te um exemplo de como a demonstrámos nos últimos 4 anos.
1 - Bolsas de ação social - agregados com dívidas ao fisco. Os beneficiários de bolsa cujo agregado tivesse uma dívida ao fisco, perdia imediatamente o direito à bolsa. Ora se nós defendemos que a Educação serve como elevador social, não faz sentido algum e atenta contra os princípios mais elementares da JSD que um jovem deixasse de poder estudar por dívidas do seu agregado familiar. O Governo ouviu-nos e alterou a lei.
Como líder da nossa juventude partidária, que medidas ou propostas defende para evitar o constante afastamento dos jovens da política , que tem como principal motivo o atual paradigma em que os partidos e as juventudes partidárias são " espaços de intervenção para fáceis colocações profissionais ou cargos públicos "
Alex,
tenho defendido e acredito muito que os jovens não estão afastados da Política. Estão infelizmente afastados dos partidos e das organizações partidárias. E obviamente que parte é culpa nossa: porque tivemos no passado maus exemplos como políticos, porque os partidos não se souberam adaptar e estão há 40 anos a funcionar da mesma forma, são pouco abertos à sociedade civil, entre muitas outras razões. A mim, enquanto líder da JSD, cabe-me dar sinais que mostrem que queremos ser diferentes e recuperar a confiança das pessoas. Por isso fizemos um conjunto de iniciativas - Jornadas Portugal nas Tuas mãos, em que ouvimos centenas de jovens; por isso é que quando apresentámos diplomas legislativos sobre a formação cívica e sobre as ordens profissionais, fomos falar com os especialistas dessas áreas; temos tentado abrir a JSD à sociedade civil.
Porque é que as juventudes partidárias não têm um papel mais ativo junto dos jovens universitários?
A JSD tem um papel activo junto dos jovens universitários, fa-lo reunindo sistematicamente com as associações académicas e demais representantes dos estudantes. a prova disso, é que a JSD tem conseguido ganhar algumas causas importantes para os jovens Portugueses, causas essas que nos foram suscitadas precisamente pelos estudantes universitários. a titulo de exemplo, refiro a batalha que travamos contra o coorporativismo das ordens profissionais ou a melhoria no regime de atribuição de bolsas no ensino superior. para nos, proximidade é isto: fazer nossas as causas dos jovens e lutar por elas, e nao propriamente organizar eventos de propaganda junto das universidades.
Eu gostaria de saber se já alguma vez teve vontade de desistir da instituição que lidera, por exemplo, por sentir que não conseguia fazer uma diferença considerando os recursos disponíveis ou pela falta de motivação dos membros que o seguem.