Acha que as eleições na Grécia, antecipadas pela demissão do primeiro ministro, influenciam as legislativas de 2015?
Por comparação com Portugal, todo o caso grego vai pesar bastante nas nossas eleições. Primeiro, porque Portugal só teve um resgate e a Grécia já vai no terceiro. Segundo, porque a Grécia volta a ter um reforço de austeridade, enquanto Portugal já a está a reduzir. Terceiro, porque os portugueses percebem que Portugal é um caso de sucesso e a Grécia um exemplo de fracasso. Quarto, porque a aventura do Syriza só agravou a vida dos gregos. E, finalmente, porque António Costa cometeu a imprudência de se deixar associar ao Syriza e agora paga a factura desse erro. A Grécia é um pesadelo para o PS.
A descentralização de competências essencial ao país é reclamada há décadas por todos. Porque está a acontecer tão lentamente? Se é fundamental para a resolução de tantos problemas que encontramos na organização da administração pública, qual o fator que impede a sua implementação?
Concordo consigo – a descentralização tem tanto de necessária quanto de lenta. A razão essencial desta lentidão na sua concretização parece ter a ver com a resistência à mudança. O poder central é sempre avesso a perder poderes e competências. Por isso, tenta resistir. Não são tanto os políticos que oferecem resistência mas sobretudo os burocratas. Mesmo assim, o actual governo deu alguns passos positivos. Mérito, sobretudo, de Miguel Poiares Maduro e de António Leitão Amaro. Dois governantes que agiram na direcção certa.
Com a notória divisão do partido socialista em relação aos candidatos presidenciais (Dr.ª Maria de Belém e o Dr. Sampaio da Nóvoa), qual é o perfil do candidato que o Partido social Democrata deve apresentar?
As eleições presidenciais não são eleições partidárias. Por isso, os partidos não apresentam candidatos. Apoiam candidatos que surjam por sua livre iniciativa. Assim:
a) O PSD deve aguardar o anúncio de candidaturas;
b) Deve esperar que elas só surjam depois de 4 de Outubro, para não misturar legislativas com presidenciais e não dividir o partido, como está a suceder com o PS;
c) Se houver mais do que um candidato da área do PSD, o partido deve dar liberdade de voto à 1ª volta e só apoiar mais tarde o candidato que passar à 2ª volta;
d) O ideal seria haver um único candidato da área do PSD para contrastar com a divisão recente na área do PS. Mas nem sempre o ideal coincide com o possível.
Partindo da sua experiência autárquica e de algumas reivindicações de autarcas sobre a autonomia dos municípios, considera que há uma centralização de poder ou considera que o programa de reestruturação levado a cabo pelo governo ajudará numa maior autonomia e desenvolvimento regional e local?
Na sua opinião, o facto de um político fazer intervenções regulares num determinado canal de televisão como a sua crónica semanal, traz mais benefícios ou malefícios para a imagem do político?
Segundo as últimas sondagens, o voto dos eleitores descontentes com as medidas tomadas nos últimos anos, pode vir a decidir o empate entre o PS e a Coligação. Perante estes dados, o que deve fazer a Coligação para voltar a ganhar a confiança destes eleitores?
Tem em conta a evolução que houve com as redes sociais, não pensa que seria mais conveniente para os partidos políticos, nos dias de hoje, deixar de gastar milhares de euros com os cartazes e apostar na comunicação através das redes sociais, após existirem rumores de falência técnica do maior partido da oposição?
Pode explicar de forma mais clara o porquê de não concordar com o problema levantado pela Coligação em relação aos debates? Não lhe parece injusto que quem concorre junto não tenha o direito de participar nos debates?
Qual a sua opinião sobre a reestruturação da rede de ensino superior público no Alentejo? Centralização e fusão de pequenas instituições formando consórcios ou manter a soberania e funcionamento de cada Universidade/Politécnico?
Que reformas podem ser implementadas ao nível do poder local para dinamizar as regiões subdesenvolvidas do país, não só ao nível económico, mas também socio-cultural?
A crise económico-financeira (e as suas consequências) gerou nas populações afetadas um sentimento de revolta. Revolta que, em vários países, se refletiu num maior apoio a movimentos extremistas e populistas. Portugal é um dos países onde a confiança para governar se mantem nos partidos moderados. A que crê que se deve tal? Ao facto de sermos um povo moderado ou pela atual legislatura terminar como a situação económica nacional mais desafogada do que quando a mesma se iniciou?